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Guia cor-de-rosa para a motorista sobre carro
Por Andréia Meneguete
Do Diário do Grande ABC
05/09/2010 | 07:14
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Ricardo Trida/DGABC


Que atire a primeira chave de fenda a mulher que nunca se sentiu insegura na hora de levar o carro ao mecânico. Tudo pelo simples fato de desconhecer e achar que é impossível a missão de entender o pequeno universo que existe entre pneu e o capô. Entretanto, o tema é mais fácil do que se imagina. Não, não se subestime! A repórter desta matéria está aqui para provar que é possível, sim, conhecer mais sobre o funcionamento do próprio carro e ter propriedade (por que não?) para evitar, de forma simples, problemas mais do que comuns que acontecem com o automóvel.

Afinal, não há mais motivos e nem podemos temer a visita à oficina. Segundo pesquisa realizada recentemente pelo Instituto Sophia Mind, com 953 mulheres paulistanas, 59% possui carro próprio. Atualmente, 42% das compras de autos são feitas pela ala feminina, o que prova pelos índices das montadoras que as mulheres não estão só a passeio quando o assunto em questão envolve um produto quatro rodas.

Na verdade, é tênue a linha que faz o carro passar de amigo a vilão, uma vez que o mau uso e falta de atenção ao veículo representam cerca de 90% do custo da manutenção dos veículos, segundo consultores técnicos entrevistados pela equipe do Diário. Exemplo que todo cuidado é pouco e mais do que essencial para a saúde do carro, a funcionária pública de Santo André, Luciane Nunes Pinheiro, 34 anos, afirma obedecer todas as datas de revisão do seu Corsa modelo 2009, mas confessa se sentir insegura quando tem que realizar alguma troca de peça. Com base ainda no mesmo estudo, 70% das mulheres casadas transferem a responsabilidade da visita ao mecânico para os maridos por se sentirem desconfortáveis com o fato de não entenderem do assunto e terem medo de ser trapaceadas.

Luciane está aqui para endossar a estatística: "Certa vez quase fui enganada quando o mecânico, de uma oficina de rua, me cobrou um serviço no valor de R$ 1.200. Fui em outro profissional que entregou meu carro pronto por muito menos". Depois do ocorrido, a funcionária publica não hesitou e se inscreveu num curso de mecânica para mulheres. "Percebi que faltava muito mais iniciativa minha do que capacidade para entender do assunto", revela.

Para minimizar tal constante, montamos especialmente para você uma bíblia automotiva com os mandamentos básicos que nenhuma moiçola pode ignorar depois de ler esta reportagem. E a melhor garantia: você não vai nem precisar se sujar de graxa. Preparada? Então, mãos à obra!

Dicas

- Esqueça por alguns minutos leituras sobre coaching, artes, política, família, decoração, moda e beleza. Você vai ter que abdicar dos livros preferidos para se dedicar com muita atenção ao manual de instrução do seu veículo. De acordo com o diretor técnico da ADKar Automotive, Paulo Roberto Garbossa, todas as dúvidas relacionadas ao funcionamento do carro, como combustível, tipo de óleo, revisões, trocas de peças e recomendações do uso estão disponíveis entre as páginas do manual. "O grande problema é que quase ninguém lê, o que favorece a insegurança e todas as dúvidas que surgem nos momentos de aperto", explica o técnico.

- Com certeza, o pneu é um dos itens que mais causam dor de cabeça para a mulher, seja quando fura ou apenas quando precisa ser verificado. Para preservar a saúde dele é fácil. Segundo instruções do engenheiro mecânico e preparador de motores da Stokcar Vinicius Losacco, é necessário que se faça a calibragem, religiosamente, toda semana. "É uma forma de prevenir o desgaste excessivo e danos nas laterais dos pneus, além do gasto de combustível que pode chegar até 10% a mais", salienta. E muita atenção: o estepe deve fazer parte deste ritual. Outro hábito que deve ser integrado aos cuidados com o carro é o rodízio dos pneus a cada 10 mil quilômetros rodados. Mas, anote: "A troca das rodas devem respeitar o sentido de rotação, senão pode haver o estouro do pneu", explica o professor de Engenharia Automobilística da FEI, Ricardo Bock.

- Deixar para verificar o nível do óleo no posto de gasolina é um grande erro. Nós explicamos o porquê! Não é possível medir a quantidade de óleo com o motor quente, é necessário que ele esteja frio e o carro num local plano. Então, esqueça a ajuda dos amigos frentistas e faça você mesma antes de sair de casa. É fácil o procedimento: retire a vareta de inspeção, limpe-a com um pano e a recoloque. A vareta deve ter uma marca entre o mínimo e o máximo. Se necessário trocar o óleo, o procedimento deve ser feito numa loja especializada e com o produto indicado no manual. Geralmente, é recomendado trocar a cada 10 mil quilômetros rodados. "Vale lembrar que os frentistas ganham comissão pela venda do produto que oferece. Muitas vezes não aplicam o produto recomendado, mas, sim, a marca que paga uma taxa pela venda", sinaliza Vinicius Lossaco. O uso do óleo incorreto pode acarretar em problemas como má lubrificação e, consequentemente, prejudicar o funcionamento do motor.

- É mais do que comum você pedir para ver a água do radiador na hora de abastecer, certo? Errado! Esta observação não é para ser feita com o motor quente, enquanto o líquido ainda circula pelo motor. É uma consulta visual, pois o reservatório de água é transparente. Se estiver com o nível de água baixo, o carro deve ser levado para uma oficina. "Esta parte do motor é hermética, se está faltando água é porque há um vasamento", explica Paulo Garbossa. Completar somente a água pode fazer com que o real problema do carro não seja percebido ou reparado, ocasionando futuramente um verdadeiro transtorno para o proprietário. "É possível que haja um superaquecimento podendo fundir o motor", sinaliza o profissional.

- A mulher espera que o homem tome todas as iniciativas em relação ao carro, inclusive levá-lo para abastecer. Mas saiba que esta atitude é uma grande inimiga do motor do carro (e do bolso também!). Postergar o abastecimento e deixar o tanque na reserva é permitir que a sujeira entre e faça um estrago. "Com pouco combustível, a bomba elétrica, dentro do tanque, puxa resto de detritos para a tubulação, possibilitando o entupimento do motor", ressalta Garbossa. E o rombo não fica somente para o carro. O serviço de reparo não sairá por menos que R$ 300. Por isso, deixe o nível sempre acima de 1/4.

- Normal reconhecermos a importância de um detalhe quando ele nos falta no momento em que mais precisamos dele. Com certeza isso lhe ocorrerá quando chover e acionar as palhetas e elas estarem ressecadas. Resultado? Um vidro arranhado e a possibilidade de um acidente, já que a sua visão continuará prejudicada por causa da água. Depois de um ano de uso, troque o acessório, mesmo que ele aparente boa aparência. "Coloque um pouco de detergente neutro no reservatório de água, isto ajuda a retirar a fuligem da poluição que fica no vidro", ensina Bock. Outra forma de garantir o desempenho da limpeza do para-brisa durante a chuva é passar cera líquida no vidro após a lavagem.

- Dirigir com salto Luis XV pode ser uma verdadeira afronta para embreagem do carro. O item, que é hidráulico, sofre agressão toda vez que o pé é apoiado na espera da partida. "Há perda de sensibilidade com o uso do salto, então é possível que a mulher não perceba que somente com o pé encostado na embreagem ela acaba friccionando o pedal, desgastando a peça", explica o gerente da General Motors Wanderlei Mota, responsável pelo curso de mecânica para as mulheres. E tem mais: a segurança da condutora também é comprometida com o uso do acessório que permite falha na execução do movimento, podendo causar acidente.




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