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Roubo de carga tem queda de 37%

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
24/04/2016 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


As ocorrências de roubos de carga tiveram queda de 37% no Grande ABC. Conforme dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública), foram 36 registros no primeiro bimestre deste ano, contra 57 no mesmo período de 2015.

Santo André reduziu os casos de 13 no ano passado para somente cinco registros em 2016. São Bernardo diminuiu de 24 para 17; Diadema, de cinco para três; e Mauá, de 13 para dez. Ribeirão Pires foi a única cidade que teve alta nos números, de nenhum registro para um.

São Caetano não registrou nenhum caso em 2016, ao contrário do ano passado, quando o número ficou em três. Rio Grande não apresentou registros em ambos os anos.

Conforme os especialistas, ao contrário do que se pensa, a maior parte dos roubos acontece nas vias urbanas, não nas rodovias. O chefe operacional da PM (Polícia Militar) no Grande ABC, capitão Vlamir Luz Machado, também afirma que a operação não é amadora.“Esse tipo de roubo só existe porque tem alguém que compra a carga. O ladrão não rouba sem saber o que está levando, ele tem todas as informações e não pega uma carga se não sabe o que vai fazer com ela. Esses produtos dificilmente são recuperados, porque, entrando no mercado negro, desaparecem”, afirmou.

Na maioria das ações, o motorista é abordado por mais de um ladrão e fica retido como refém. Isso acontece até que a carga seja descarregada em outro veículo ou mesmo em algum local.

A maioria das ações acontece próximo a centros comerciais ou aos pontos de entrega. “Isso porque eles têm conhecimento prévio da rota. Já aconteceu até de pegarmos ocorrências em que as pessoas da própria empresa fornecem informações para os ladrões. Alguma transportadoras adotaram práticas como não identificar os veículos para proteger a carga”, afirmou o capitão.

Para ajudar a combater os índices do crime, a polícia realiza bloqueios, além de trabalhar junto a um dos principais alvos das quadrilhas, o Correios. “Com o aumento das compras pela internet, eles também entraram como alvos desses roubos. Ajudamos a empresa no filtro de quem passa as informações”, disse.

Para o motorista que precisa descer para o Litoral, um dos pontos considerados mais perigosos fica entre o km 50 e o km 53 da Rodovia Anchieta, onde está localizado o bairro Cotas, em Cubatão. Segundo o responsável pelo 1º BPRv (Batalhão de Policiamento Rodoviário), que compreende o SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), tenente-coronel Carlos Alberto dos Santos , o local realmente registra alta na criminalidade, porém, para roubos a motoristas. “Quando o veículo para no acostamento, acontece o assalto. Ali tem um bairro bastante carente, além de facilidade para fuga pelo mato. Porém, roubos de carga não são comuns naquele local. São levados pequenos pertences do motorista, como carteira e celulares mesmo.”

O tenente-coronel reforça que há três bases da Polícia Rodoviária em toda a Anchieta, além da realização de diversos bloqueios, o que coíbe a ação dos ladrões. “Também trabalhamos bastante com o monitoramento de toda a via por câmeras de segurança da Ecovias”, explicou.

Para caminhoneiros, falta segurança nas ruas e rodovias

Apesar da redução no número de roubos de carga neste primeiro bimestre, motoristas de caminhão afirmaram ao Diário que não se sentem seguros. Para eles, faz parte do cotidiano ser roubado ou conhecer alguém que foi há pouco tempo.

Rodrigo Machado de Oliveira Júnior, 32 anos, é da Zona Leste da Capital e trabalha há oito anos como caminhoneiro. Ele já foi assaltado três vezes enquanto transportava carga de pneus. Em janeiro, foi roubado logo na chegada ao Litoral, após sair do trecho de serra. “Eles estavam armados e em três. Levaram toda a minha carga, já descarregaram para mais dois veículos de pequeno porte. Além disso, também pegaram meu celular, relógio e dinheiro.”

Davilon Pereira, 30, mora em Diadema e está na profissão há dez anos. Ele abastece diariamente no Porto de Santos e afirma que não confia na fiscalização. “Não carrego mais eletrônico ou qualquer carga valiosa. Tenho medo de ser roubado. Acredito que a fiscalização seja mais efetiva para infrações de trânsito que para garantir a nossa segurança.”

Opinião diferente de Nelson Rodrigues França, 43, natural de Goiás e que está há 15 anos na estrada. “Já passei por essa situação, que infelizmente não tem como não acontecer. Fui bem atendido e senti que a polícia estava bem preparada para lidar com o caso”, afirmou.

Até mesmo o estacionamento em que os caminhoneiros descansam na Rodovia Anchieta não é mais um local seguro. Willian Gomes de Andrade, 49, 25 anos como caminhoneiro, afirma que um amigo já teve toda a sua carga roubada durante a noite no local. “Apesar de o pessoal fechar o portão, o cara aproveitou que meu amigo pegou no sono e saiu levando a carga. Cada dia está mais difícil.”

Para prevenir o crime, o comandante da Polícia Rodoviária na região, tenente-coronel Carlos Alberto dos Santos, afirma que a melhor arma é a atenção ao parar o veículo. “A dica é evitar estacionar no acostamento. Tem que ser a última alternativa, só em caso de necessidade muito grave. O ideal é procurar uma base da Polícia Rodoviária ou os postos de apoio da concessionária. Se não tem jeito, deve-se ligar para o 190”, afirmou.  




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