Política Titulo Assinatura da CPI do Imasf
Marinho pressiona e Tavares deve retirar assinatura de CPI

Chefe do Executivo de S.Bernardo cobra
recuo em voto do parlamentar com a oposição

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
15/08/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC:


Pressionado pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), o vereador José Walter Tavares (PCdoB) deve retirar sua assinatura no pedido de instalação de CPI para investigar a administração do Imasf (Instituto Municipal de Assistência à Saúde do Funcionalismo), que foi aprovada na quarta-feira após solicitação do oposicionista Pery Cartola (SD).

O comunista, que integra base de sustentação da administração petista, contrariou orientação da bancada e aderiu ao pedido de Pery. Seu voto e do também governista Antônio Cabrera (PSB) foram determinantes para a vitória da oposição na Casa.

Assim que soube da aprovação do requerimento, Marinho se irritou e começou a cobrar duramente articulação interna da Casa para engessar abertura de investigação – a primeira aprovada em seis anos e meio de gestão do petismo.

Ontem, porém, o chefe do Executivo direcionou cobrança direta a Tavares, pedindo que retirasse o nome do documento, já protocolado na Casa. Comentou-se nos corredores do Legislativo que o comunista já concordou com a exigência de Marinho e que deve efetuar o recuo oficial entre segunda e terça-feira, antes da próxima sessão ordinária, que ocorre todas as quartas-feiras.

Quando consentiu ao documento, Tavares alegou que tinha autonomia em suas escolhas no Legislativo, ressaltando seu histórico político – está em seu quinto mandato parlamentar. Na ocasião, justificou também que os serviços do Imasf há “muito tempo” estão deixando a desejar e que o interesse da população precisa estar acima das questões partidárias.

A desistência de Tavares tende a inviabilizar de vez instauração de CPI, que, conforme prevê Constituição Federal, exige a concordância de um terço do total do Parlamento. No caso de São Bernardo, dez vereadores do total de 28 eleitos.

Em princípio, Marinho ordenou que o pedido de Pery fosse enquadrado como requerimento comum com objetivo de travar o trâmite da CPI. Para que a solicitação seja analisada em caráter de urgência, ela necessitaria de 15 assinaturas, número que a oposição não conseguiria levantar – a base de sustentação é composta por 20 nomes.

Pery afirmou que, se percebesse a movimentação em torno de manobra, recorreria a meios judiciais, citando que a CPI é direito constitucional da minoria.

Na quarta-feira, sob a presença de muitos servidores que foram ao plenário criticar a direção do Imasf, Pery captou rubricas para emplacar CPI. A instituição gerencia assistência médica dos 20 mil servidores públicos. A justificativa para a formação de comissão investigativa é apurar conduta da autarquia, que, sob coordenação de Valdir Miraglia, sofre duras críticas dos servidores por conta de descredenciamento de hospitais e problemas financeiros.

No fim do ano passado, a direção do Imasf foi à Câmara justificar deficit financeiro. Na época, Miraglia anunciou rombo de R$ 8 milhões com um dos hospitais e que buscaria elaborar plano para equacionar dívidas. Um planejamento não foi apresentado até agora.

Procurado, Tavares não retornou às ligações feitas pela equipe do Diário para comentar o assunto.

A bancada de vereadores do PT de São Bernardo pressionou ontem o prefeito Luiz Marinho (PT) por mais espaço dentro da administração.

O encontro, realizado no Paço, foi tenso e acabou com o prefeito impondo sua vontade sobre os oito parlamentares da sigla, depois de horas de discussão.

Irritado com o posicionamento, Marinho rechaçou o pedido, argumentando que o momento exige a participação de partidos aliados na gestão.

O chefe do Executivo exigiu que parlamentares busquem ajudar a consolidar amarração com outras legendas, com vistas à sucessão do ano que vem, ressaltando que a situação é delicada para o partido encampar projeto político.

Marinho teria esbravejado que a postura dos vereadores enfraquece conjuntura de candidatura ao Paço, encerrando o encontro.

Nos próximos dias, o prefeito petista deve indicar o secretário de Serviços Urbanos, Tarcisio Secoli, como representante do petismo para o pleito municipal.

Tarcisio está longe de prestígio dentro do arco de aliados, uma vez que o preferido do bloco é o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT), que concorreu internamente à vaga, mas acabou preterido.

O prefeito, que já admitiu que pode perder o apoio de determinados partidos para o próximo processo eleitoral, irá conduzir pessoalmente a costura da candidatura de Tarcisio Secoli.

Atualmente, Marinho tem agido nos bastidores para buscar angariar o máximo de legendas possível, enquanto Tarcisio segue apenas fazendo aparições em agendas oficiais.

Nos dois últimos meses, Marinho promoveu mudanças no secretariado e contemplou figuras que apoiam a gestão e estão fora do PT. Colocou, por exemplo, o ex-presidente do PTB local Hitoshi Hyodo como secretário de Desenvolvimento Econômico e manteve a Cajuv (Coordenadoria da Juventude) nas mãos do PV – trocou Mariana Perin por Augusto Cezar Miolaro. Apesar da crítica da bancada, Marinho também nomeou o vereador Paulo Dias (PT) para a Pasta de Educação. 




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