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Haitianos se formam em curso de Português

Segunda turma de aulas gratuitas oferecidas pela Prefeitura de Sto.André beneficiou 105 pessoas

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
01/08/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Apesar do sotaque arrastado, o Português pronunciado pela servente de limpeza Mireille Lossier, 35 anos, já é compreensível. A haitiana, moradora do núcleo dos Ciganos, comunidade carente de Santo André, é um dos 105 alunos da segunda turma de formandos do curso de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira oferecido pela administração municipal. A expectativa da simpática estrangeira é de que a formação no terceiro idioma – os primeiros são francês e crioulo – possa lhe garantir melhor emprego e, com isso, mais recursos para seu sustento e de sua família, que permanece em seu país de origem.

A língua é o mais importante quando a gente chega em outro país, porque, sem saber o idioma, a gente não consegue se comunicar, não arranja trabalho”, destaca Mireille, que chegou a Santo André há pouco mais de dois anos sozinha. “Meu marido veio depois, há mais ou menos um ano, quando já estava mais estruturada”, lembra. Apesar do custo de vida alto no Brasil, a haitiana destaca que o salário de R$ 917 mensais é suficiente para pagar o aluguel de R$ 600, cobrir as despesas com alimentação e ainda ajudar a mãe e os irmãos, que continuam no Haiti. “Meu marido também faz bicos de pedreiro para complementar”, revela.

Os primeiros haitianos chegaram a Santo André em 2011 após terremoto que assolou o país caribenho. A estimativa da Prefeitura é que haja 700 estrangeiros residentes na cidade atualmente, sendo que 250 já se formaram no curso ofertado pelo Executivo gratuitamente. “Para nós, é um desafio e oportunidade proporcionar essa acolhida, que não só é prática de solidariedade, mas também forma de garantir que eles possam formar família aqui e trazer contribuição para a nossa sociedade”, destaca a prefeita em exercício, Oswana Famelli (PRP).

O bispo da Diocese de Santo André, dom Pedro Carlos Cipollini, ressalta que a fraternidade deve ser uma lei universal. “Um país que esteja em situação melhor deve ajudar aquele que está passando por dificuldades. E há um intercâmbio. As pessoas vêm para cá e trazem coisas boas”, diz.

Além da entrega dos diplomas, a cerimônia, realizada no salão de festas da paróquia Santa Maria Goretti, em Utinga, contou com apresentação de coral formado pelos haitianos e pequena confraternização com comidas e bebidas. 




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