A Promotoria Pública do Paraná instaurou um inquérito administrativo para investigar irregularidades envolvendo três presos da delegacia de Castro, localizada a 200 quilômetros de Curitiba. Nomeados como ``presos de confiança' pelo delegado Mário Machado, os três sao responsáveis pela cadeia nos fins de semana e nos feriados. Durante a semana ajudam a tomar conta de outros 19 presos e atendem aos telefonemas como funcionários. O delegado já foi exonerado. ``Estamos dando uma força para isso nao acabar', disse o detento Valdir Bauchrowitz, 28 anos, cumprindo pena de cinco anos por assalto. Valdir conta que há dois meses foi escolhido para fazer serviços como cozinhar, limpar e cuidar da horta devido ao bom comportamento. Os outros presos sao Marcos Antônio de Abreu, 28 anos, e Lindolfo Souza, 39 anos. O primeiro condenado por estupro e o segundo por seduçao de menor. Os três sao considerados ``presos de confiança' há um ano.

Valdir, Marcos e Lindolfo dormem fora da cela em um quarto dentro da própria delegacia. Saem para fazer compras e fazem vários outros serviços para a delegacia. ``Temos responsabilidade. Nao é porque somos presos que vamos deixar todo mundo fugir', disse Valdir. A cadeia nao registra uma fuga de presos há mais de um ano.

Ofício O caso chegou à Promotoria Pública após uma briga nas celas na noite de quinta-feira. Os ``presos de confiança' tiveram que chamar a Polícia Militar para conter a confusao. O juiz criminal de Comarca de Castro, Sérgio Martim Batka, enviou um ofício na sexta-feira ao secretário de Segurança Pública do Paraná, Cândido Martins de Oliveira, pedindo o fim das irregularidades na delegacia.

A nomeaçao de ``presos de confiança' é ilegal. Nenhum preso pode ficar fora da cela. A promotora Cristina Ruaro também tomou conhecimento das denúncias e já encaminhou um documento pedindo que a Secretaria de Segurança Pública preencha os cargos que faltam na delegacia de Castro.

Processo- Atuam na delegacia apenas um delegado, um escrivao e um investigador. ``É uma situaçao insustentável e se perdurar vamos pedir a interdiçao da delegacia', afirmou a promotora.

O delegado Mário Machado está à disposiçao da Diretoria Geral da Polícia até o resultado do processo administrativo e criminal que vai responder. A informaçao é do delegado Emílio Wzorek, da subdivisao da cidade de Ponta Grossa.

Ideal- Mário Machado vai responder por nao comparecimento na delegacia e por deixar a cadeia sob responsabilidade de ``presos de confiança'. A Divisao Policial do Interior determinou a nomeaçao de um novo delegado para a cidade. A informaçao é do delegado Roberto Ferreira do Nascimento.

Segundo Roberto, existem no Paraná hoje cerca de 4 mil funcionários lotados em delegacias. ``Este número de funcionários está longe do ideal. Ele representa a metade do total necessário para o atendimento ideal', afirmou.