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GM fará novo carro em São Caetano
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
04/02/2005 | 14:55
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Um novo carro, que será produzido em São Caetano. Essa é a surpresa que a General Motors preparou para comemorar os seus 80 anos de Brasil, comemorados no último dia 26 de janeiro. Serão investidos R$ 500 milhões para o desenvolvimento e produção do novo Vectra, que deverá chegar ao mercado até o final do ano e substituirá o modelo Vectra atual. O anúncio foi feito quinta-feira pelo presidente mundial da General Motors Corporation, Richard Wagoner, em evento na sede da empresa, no Grande ABC.

O desenvolvimento de um novo modelo, anunciado quinta-feira, começou na verdade em meados de 2004, com a contratação de 1,2 mil funcionários para a unidade do ABC, que passou a ter 8.480 funcionários. Toda a companhia no país elevou o número de empregados de 17 mil para 19 mil no ano passado. Além de iniciar o projeto, os novos trabalhadores ajudaram a GM a conquistar pela primeira vez o primeiro lugar no ranking das montadoras brasileiras, derrubando a Volkswagen após vários anos.

Foram 364 mil veículos emplacados – 23,1% de fatia das vendas nacionais de zero km – e volume recorde de produção. Foram 563 mil veículos produzidos, dos quais 480 mil montados e os restantes em CKD (desmontados). Em 2003, tinham sido 370 mil veículos montados e 63 mil CKDs. Outros fatores para a ampliação do quadro de funcionários foram o crescimento de exportações, produção e vendas internas da empresa. As exportações tiveram crescimento de 30% em relação a 2003 (quando somaram US$ 1 bilhão), com vendas ao exterior de 100 mil unidades montadas e 80 mil CKDs.

Créditos – Richard Wagoner adiantou a decisão de investir em São Caetano quarta-feira em audiência com o governador Geraldo Alckmin. De acordo com o vice-presidente da GM do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, o governador propôs que a empresa aproveite créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) referentes a exportações. A subsidiária brasileira da GM alcançou no ano passado o total de US$ 1,3 bilhão em exportações. A forma e o prazo de recebimento de recursos a que a empresa tem direito para o investimento terá de ser acertado com o governo do Estado.

Do volume que será aplicado no projeto do novo Vectra, que é genuinamente brasileiro e desenvolvido pelas áreas de design e engenharia da GM do Brasil, grande parte será investido na unidade de São Caetano. E do total, R$ 110 milhões já foram gastos nos serviços de engenharia, segundo Pinheiro Neto. Os motores para o modelo serão feitos na unidade da empresa em São José dos Campos. A fábrica do ABC produz hoje, além do Vectra, o Astra e o Corsa Classic, modelos mais caros e de maior valor agregado.

Competitividade – A companhia estuda a possibilidade de lançar modelos desenvolvidos no Brasil para a Europa, mas os custos de produção do país reduzem a competitividade do veículo no exterior. Richard Wagoner, o presidente mundial, diz que o Brasil tem desvantagens em relação a outros países, como a atual taxa de câmbio, com o dólar custando R$ 2,60, que “limita competitividade brasileira no exterior”.

O executivo diz que, enquanto Japão e Coréia recebem grandes recursos estrangeiros e têm mais facilidade para intervir no câmbio, o Brasil tem mais dificuldades e precisa trabalhar na “competitividade real”, em questões como melhoria de infra-estrutura e logística.

Mas Wagoner se mantém otimista com o cenário econômico brasileiro. Segundo ele, o mercado automotivo do país poderá crescer e a empresa ter lucro neste ano. Em 2004, a filial brasileira reduziu o prejuízo pela metade, mas ainda fechou no vermelho pelo sétimo ano seguido.

O presidente mundial afirma ainda que a General Motors Corporation passa por mudança no conceito de desenvolvimento de produtos, de modelo descentralizado para rede que combina centros de engenharia da companhia em países diferentes. Ele cita por exemplo que pode haver sinergia em desenvolvimento de projetos integrados, do Brasil com a Coréia ou com outros países.



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