Setecidades Titulo Educação
Aumenta adesão ao Ensino a Distância
Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC
23/11/2008 | 07:08
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Nada de lista de chamada, lousa, giz ou livros didáticos. Aprovado em 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases, o sistema EAD (Ensino a Distância) caiu nas graças dos moradores do Grande ABC. Em 2006, havia 750 estudantes matriculados no primeiro semestre do ano; hoje o número é quase dez vezes maior: 7.486.

A única instituição credenciada a oferecer cursos totalmente a distância na região é a Universidade Metodista, em São Bernardo. As demais escolas montaram pólos de ensino por meio de convênios com unidades já habilitadas, ou ainda estão em processo de credenciamento junto ao MEC (Ministério da Educação), caso da UniABC e USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul).

Em todo o País houve um aumento de 571% em número de cursos e de 315% nas matrículas de 2003 a 2006, segundo o último Censo da Educação Superior.

Vídeoconferências, chats, vídeos, DVDs e acessos na internet por meio de login e senhas individuais são ferramentas do EAD. Cada universidade segue o próprio sistema. Pela lei, é preciso haver pelo menos dois encontros presenciais em cada módulo, um no início e outro no final. Um modelo bastante adotado - inclusive pela Metodista e pela Etip, que tem convênio com o COC - é de aulas transmitidas via satélite mediadas pelos tutores. A imagem do professor é projetada no telão e os alunos podem interagir e questionar o docente.

Como a transmissão é simultânea, o universitário matriculado em Santo André, por exemplo, pode assistir a mesma aula em um pólo da instituição em Fortaleza, no Ceará. As perguntas e dúvidas são compartilhadas pelos alunos de todo o Brasil. Outra vantagem é o preço das mensalidades, que chegam a ser 20% menores do que os dos cursos presenciais.

O pró-reitor de EAD da Universidade Metodista, Luciano Sadhler, diz que o Ensino a Distância veio atender o universo de 40 milhões de brasileiros com mais 25 anos que não têm curso superior. "É um público que possui dificuldade com o modelo tradicional de ensino e exige mais flexibilidade."

Assistente de coordenação em uma escola particular de Santo André, Luciana Alves Basílio, 42 anos, realiza o sonho de estudar Pedagogia. Ela está no primeiro ano no Etip Centro Educacional e faz o curso a distância. "Não estudei antes porque não tinha condições financeiras. Gosto do modelo pois na medida em que as dúvidas surgem, você lê mais e se torna cada vez menos dependente dos professores."

Luciana diz que às vezes sente falta do contato direto com os docentes, mas como há plantão de dúvidas pela internet nunca está "abandonada". Assim que concluir Pedagogia, ela já tem planos para a próxima empreitada: vai estudar Sociologia também a distância.

Alunos podem não se adaptar ao modelo de educação

O estudante que optar por um curso de graduação ou pós a distância precisa estar interessado em estudar. Como a maioria das aulas ocorre individualmente e longe das universidades, o estudante é mais cobrado do que nos cursos presenciais e corre o risco de não se adaptar.

"O modelo exige maturidade que muitas vezes o aluno não tem", diz professor de Novas Tecnologias da USP, José Manoel Moran.

Outro problema é que por mais que o sistema esteja ganhando espaço e adeptos ao longo dos anos, ainda existe preconceito no mercado de trabalho em absorver os profissionais. "A legislação garante o mesmo valor. No diploma, por exemplo, não se expressa qual foi a modalidade do curso, só há variação de formato. Mesmo assim é comum ouvir que os profissionais possuem problemas mais significativos do que os dos cursos tradicionais", explica Rita Maria Lino Tarcia, presidente do conselho fiscal da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância).

O empresário Moacir Wesley de Souza, 46, morador de Ribeirão Pires, optou e aprovou o sistema. Formado em Administração, ele concluiu Marketing pelo EAD em junho passado. "Se fosse o curso tradicional seria muito estressante e eu não faria. É preciso pesquisar para aprender, mas é válido."




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