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Centrais sindicais se mobilizam hoje pelo fim do fator previdenciário

A pauta do Dia Nacional de Luta prioriza a causa dos aposentados e defende seus ganhos

Por Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
30/08/2013 | 07:00
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Desde a Revolução Francesa, organizar protestos e passeatas faz parte das estratégias de gente que quer ser ouvida pelo poder público. Do mesmo modo que em 1789, a insatisfação das pessoas se relaciona ao achatamento dos seus ganhos e da sensação de empobrecimento que vem com a falta de dinheiro e de perspectivas. Portanto, pode até soar contraditório que um país como o Brasil, que vem aumentando o nível de vida da sua população continuamente e recentemente incluiu 35 milhões de pobres na classe média, se mobilize para protestar. Mas ainda não dá para descartar as faixas e cartazes.

O Dia Nacional de Luta, comemorado hoje, pretende mobilizar milhares de trabalhadores para chamar a atenção da sociedade para uma pauta de reivindicações (veja quadro) que tem como uma das suas prioridades o fim do fator previdenciário.

Promovido pelas centrais sindicais CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical, o movimento ocupará áreas importantes de capitais de todo o País. Em São Paulo, a mobilização começa na Praça da República e terá seu ápice no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na Av. Paulista.

“O fim do fator é uma luta antiga. Ele funciona como um pedágio para quem quer se aposentar (ele achata os valores em 30%). Não podemos concordar com isso”, diz o presidente da CUT estadual, Adi dos Santos. O dirigente destaca que esse é um momento especialmente importante para pressionar a União no sentido de pôr um fim a este sistema de cálculo do benefício instaurado em 1998. “Recentemente conseguimos do governo o compromisso oficial de que, em 60 dias, seriam avaliadas alternativas para acabar com esse instrumento de achatamento dos ganhos dos aposentados. Portanto, é preciso mostrar o interesse da sociedade por essa questão e a melhor maneira de deixar isso claro é ir para as ruas”, diz Santos.

Para o sindicalista, a discussão sobre o fator se soma à questão do índice usado para reajustar o benefício dos aposentados. Hoje, enquanto o salário-mínimo é corrigido pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)do ano anterior somado ao percentual de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos atrás, o que aumenta o valor das aposentadorias. É somente a inflação. “O reajuste anual tem de ser igual para todos. O aposentado paga o mesmo preço no arroz, no feijão e na carne que o trabalhador que está na ativa. É justo que ele receba o mesmo reajuste.”

Do jeito que está, a soma do fator previdenciário com os reajustes magros pelo INPC resultam em perdas graves de poder aquisitivo para quem já ‘pendurou as chuteiras’. Essa política não prejudica só o aposentado,como também atrapalha o crescimento da economia. Chega a ser um contrassenso ver que num país que se busca incentivar o consumo dando subsídios, fazendo desonerações e estimulando o crédito, parte da população vê seu pagamento sofrer a erosão provocada por reajustes insuficientes para manter sua capacidade financeira sem desgaste. “A política de correção dos benefícios é incongruente com o objetivo do País de crescer”, argumenta Santos.

Para o presidente da Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos), Warley Martins, a diferença de metodologias de correção não pode continuar. “Imediatamente falei com os deputados Paulo Paim e Arnaldo Faria de Sá (PTB) sobre a necessidade de um dispositivo legal que nos garanta o mesmo reajuste do salário-mínimo”, destaca.

“Estamos preparando para o dia 1º de outubro uma grande vigília diante do Congresso. O ato terá fotografias dos 513 deputados iluminadas por velas e uma missa será rezada. Com isso queremos sensibilizá-los e também pressioná-los”, conta o dirigente, que espera grande mobilização de aposentados de todo o País convergindo para a Capital Federal.

Segundo Martins, derrubar o fator previdenciário é primordial. “Temos que acabar com isso. E não somos favoráveis à substituição do fator por qualquer outro dispositivo. Temos que pensar nos quase 4 milhões de aposentados que foram prejudicados pela sua aplicação”, diz o presidente, que torce para que a adesão aos atos programados para hoje seja grande. “Se for fraco, a gente perde a moral e os políticos vão dar risada”, diz a voz da experiência.


Metalúrgicos do Grande ABC atrasam entrada para trabalho

As manifestações pelo Dia Nacional de Luta na região, encabeçadas pelos sindicatos dos metalúrgicos, acontecem em São Caetano e Mauá.

Em defesa da pauta trabalhista apresentada pelas centrais sindicais ao governo, que inclui o fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas e o veto do projeto de lei 4.330 no Congresso Nacional, os trabalhadores da General Motors vão atrasar a entrada do turno da manhã para se mobilizar em frente à montadora em São Caetano.

“Devemos atrasar a entrada para o primeiro turno (das 6h) em cerca de duas horas”, avisa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão. “O objetivo é demonstrar que os trabalhadores não estão para brincadeiras. O que está em jogo neste momento é o futuro da classe trabalhadora. Uma série de ameaças ronda nossos direitos. A começar pelo projeto de lei 4.330 que, se aprovado, permitirá que as empresas terceirizem (passem para terceiros) toda a sua produção (atividades-fim), além dos serviços. Significa a total precarização do trabalho no Brasil.”

Pela mesma causa, o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá realiza protesto no bairro industrial Sertãozinho, em Mauá, às 7h. Outro objetivo é dar largada à campanha salarial da categoria neste ano, que tem database em 1º de novembro.

A manifestação quer reunir trabalhadores de pelo menos 15 empresas de Sertãozinho, e pretende contar com a presença dos prefeitos Carlos Grana, de Santo André, e Donisete Braga, de Mauá.
(Soraia Abreu Pedrozo, colaborou Yara Ferraz)
 




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