Economia Titulo INSS
Sindicato e aposentados
protestam contra reajuste

Beneficiários da Previdência vão se reunir hoje
em frente à agência do órgão em Santo André

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
13/08/2013 | 07:54
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Tiago Silva/DGABC


Os benefícios pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) são motivos de reclamações de aposentados e pensionistas, principalmente os que ganham mais que um salário-mínimo. Para protestar, beneficiários da Previdência vão se reunir em frente à agência do órgão em Santo André, na Rua Adolfo Bastos, 520, na Vila Bastos. O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, junto com o Sindicato Nacional dos Aposentados Pensionistas e Idosos, ambos filiados à central Força Sindical, marcaram encontro para as 9h30. Ao mesmo tempo, a Força Sindical se manifestará no Viaduto Santa Efigênia, 266, Capital.

A manifestação, prevista para acontecer apenas do lado de fora da agência, tem dois objetivos básicos. O primeiro é a maior valorização dos benefícios pagos pelo Ministério da Previdência Social acima do piso, ou seja, maiores do que o salário-mínimo, que atualmente está em R$ 678. O outro, o fim do fator previdenciário.

Na ocasião, que contará com a presença de representantes dos sindicatos, trabalhadores e segurados da Previdência, será entregue à gerente executiva do INSS de Santo André, Fátima Conceição Gomes, carta de reivindicação sobre os dois pontos criticados.

“Vamos fazer um barulho na frente da agência. Nosso protesto contará com carro de som e a presença de vários aposentados. Acredito que ficamos por lá até as 12h”, explicou o vice-presidente do sindicato de Santo André e Mauá, José Braz da Silva, o Fofão, que também é coordenador para o Grande ABC da Força Sindical.

DESVALORIZAÇÃO

Pelas regras atuais, o piso previdenciário é igual a um salário-mínimo nacional. Portanto, seu aumento anual, com base nas variações do mínimo, incrementa o poder de compra dos beneficiários, tendo em vista que nos últimos anos ficaram acima da inflação oficial. Neste ano, por exemplo, a correção foi de 9%.

Por outro lado, critica Fofão, todos os benefícios acima do piso são reajustados com base na inflação acumulada no ano anterior apontada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Houve período que a correção era pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), o que seria um pouco melhor se continuasse – o que daria, em média, benefícios 12,6% maiores do que atualmente. Em resumo, o poder de compra dos aposentados não aumenta de ano a ano, tendo em vista que os preços de produtos e serviços encarecem na mesma proporção.

“Isso é muito ruim. Um trabalhador que se aposentou com dez salários-mínimos há dez anos, por exemplo, não ganha mais de seis hoje”, criticou Fofão. “Para nós, o fator previdenciário também só prejudica, pois antes era necessário comprovar apenas os anos trabalhados. Agora a pessoa precisa de 35 anos de contribuição e 60 anos no mínimo para se aposentar. Mas se ele perder o emprego depois dos 40, não vai se aposentar nunca. O mercado não aceita esse trabalhador, que terá que se requalificar e buscar outra função com renda inferior.”

 Para se ter noção da diferença entre uma regra de correção e outra, segundo cálculos do especialista em Previdência Social Newton Conde, diretor da Conde Consultoria Atuarial e também professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), em 13 anos, a diferença entre os reajustes gerou perdas de 45,7%.

Na ponta do lápis, se uma pessoa recebeu o direito à aposentadoria de dez salários-mínimos em 2000, o que na época seria o mesmo que R$ 1.510, hoje ele, provavelmente, estará recebendo R$ 3.669. Esse valor é o mesmo que 5,4 vezes o valor do piso nacional, de R$ 678. Se os reajustes nesse período acompanhassem a variação do salário-mínimo, o valor da aposentadoria seria de R$ 6.780. A diferença monetária é de R$ 3.111.

O aposentado andreense Orivaldo Gangi, 74 anos, sabe bem como é perder o poder de compra por causa do reajuste. Ele, após vários anos atuando como autônomo e contribuindo para a Previdência, se aposentou pelo piso, em 1995, que na época era de R$ 100. Sua mulher, Maria Madalena Gangi, 73, entrou na lista dos beneficiários do INSS em 2000, depois de uma vida dedicada à enfermagem. Na época, conseguiu dois salários-mínimos.

“Hoje, ela ganha apenas R$ 710. Teve muita desvalorização. Se tivéssemos, atualmente, os três salários-mínimos, teríamos uma vida bem melhor. Nesses anos que a aposentadoria dela foi diminuindo, tivemos que cortar várias despesas para nos adequar”, desabafou Gangi. 




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