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Chegou a hora do punhal nas costas

Faltam nove meses para as eleições, os candidatos ainda não deixaram os cargos que ocupam

Carlos Brickmann
24/01/2010 | 00:00
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Faltam nove meses para as eleições, os candidatos ainda não deixaram os cargos que ocupam, a campanha neste momento é ilegal, mas é bom procurar proteção: é a hora em que aliado beija aliado, promete-lhe amor eterno e, aproveitando o abraço, crava-lhe o punhal nas costas.

Ciro Gomes, tão fiel a Lula que até deixou crescer barba, quer ser candidato à Presidência. Lula prefere lançá-lo nas eleições paulistas - um quase suicídio, já que as pesquisas dão mais de 50% ao PSDB. Ciro talvez aceite, mas fazer com que Marta Suplicy, líder do PT paulista, trabalhe por ele, aí é outra história.

Serra quer Aécio de vice, mas Aécio negaceia. Já cruzou os braços uma vez, na campanha anterior, mas promete que desta vez vai ser diferente. Tasso também promete lutar por Serra, mas sem se candidatar a governador - e fará força contra seu amigo Ciro, quando nas campanhas tucanas anteriores ficou parado?

Hélio Costa é ministro de Lula e quer ser candidato a governador de Minas. Mas o PT não abre mão de indicar candidato. Sobraria para ele o Senado - mas Aécio é difícil de bater, e na segunda vaga, com apoio de Lula, fica o vice José Alencar. E Hélio, para onde vai? Dizem que para vice de Dilma, mas é difícil: o PMDB quer Michel Temer (que Lula insiste em torpedear, exigindo uma lista tríplice). E, depois que Dilma lembrou que é mineira, 40 anos depois de ter deixado o Estado, como encaixar um vice como Hélio Costa, também mineiro?

Depois todos se reconciliam. Mas ainda vai jorrar muito sangue.

VELHO FANTASMA
O verbo que mais assusta os candidatos é "cristianizar" - referência a Cristiano Machado, candidato do maior partido da época, o PSD, à sucessão do presidente Dutra. Dutra, por baixo do pano, apoiou o candidato do PTB, o ex-ditador Getúlio Vargas, e o partido o seguiu. Cristiano foi abandonado - "cristianizado" - e encerrou ali suas aspirações políticas. Mais tarde, o mesmo aconteceu com Aureliano Chaves: seu partido, o PFL, o abandonou para apoiar Fernando Collor.

LIMITES EXISTEM, SIM
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, chama Dilma de mentirosa; o presidente Lula chama Sérgio Guerra de "babaca". Mas não se impressione: em campanha, até o baixo nível é calculado. Quem está batendo é gente que não concorre à Presidência. Quem concorre, Serra e Dilma, não entra em bola dividida tanto tempo antes da eleição. É sempre melhor ter um amigo que faça o serviço sujo.

TEMER SIM, TEMER NÃO
O PMDB antecipou sua convenção para 6 de fevereiro, duas semanas antes da reunião do PT que deve confirmar Dilma como candidata; e reelegerá Temer para a presidência do partido. Qualquer acordo com o PT terá de ser negociado com ele. Lula não quer Temer por achar que ele não soma votos para Dilma. Já o PMDB não aceita tutela: se quiserem seu imenso tempo de TV na campanha, que as coisas sejam feitas do seu jeito. Já Temer tem motivos fortes para disputar a vice: nas últimas eleições, quase não se reelegeu deputado federal. Corre riscos maiores agora, já que o PMDB paulista, comandado por Quércia, apóia Serra. Se perder a eleição, Temer encerra a carreira.

O SUPERLULA
Na sexta que vem, o presidente Lula recebe o título de Estadista Global, do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. É o primeiro ganhador deste novo prêmio. A revista britânica The Economist, em editorial, propõe um Governo internacional no Haiti, patrocinado pela ONU, até reerguer o país. Para comandá-lo, propõe dois nomes: Bill Clinton e Lula. É a glória!

OS SUPERAMIGOS
A empreiteira OAS já se mobiliza junto ao Governo brasileiro para participar das obras de reconstrução do Haiti.

AÇÃO IMEDIATA
Esta coluna se referiu a uma informação na embalagem das lâminas Gillette da família Mach 3 que lhe pareceu estranha: a de que cada lâmina duraria um mês. As deste colunista duram muito, muito, muito menos. O Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, agiu na hora, e enviou-nos a seguinte carta, assinada por Eduardo Correa, seu assessor de imprensa: "Informo que o Conar abriu ontem representação ética solicitando à Gillette que comprove, sem embargo da presunção da boa-fé do anunciante, a durabilidade do seu aparelho de barbear Mach 3, conforme assinalado por você em coluna recente. No momento, está sendo indicado um relator para o processo e a empresa comunicada, sendo dado a ela um prazo de cerca de dez dias para envio de defesa. A partir de então, o relator elabora um voto, que será levado ao Conselho de Ética para discussão e decisão, garantindo-se amplo direito de defesa ao anunciante. Informaremos nas próximas semanas sobre o andamento do processo."

AGORA VAI
Lembra do Babá, o deputado cabeludo? Quer sair à Presidência pelo PSOL.




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