Os funcionários do posto estão sendo submetidos a exames para a detecção de antraz, mas nenhum deles apresentou sintomas da doença, segundo a CIA. "Nenhum trabalhador ligado ao local remoto de envios reportou os sintomas consistentes com a exposição ao antraz", disse o porta-voz do serviço secreto, Jim Mackin. "A origem dos esporos de antraz ainda é desconhecida", disse.

"Haverá remédio para todos (os funcionários do correio)", assegurou Fleischer. O porta-voz disse ainda que os exames realizados na própria Casa Branca não detectaram a presença da bactéria. "Eu não estou com antraz", afirmou nesta terça-feira o presidente George W. Bush para líderes do Congresso. Ele disse que não fez exames para saber se foi contaminado. "Estou confiante de que estarei seguro quando eu vier trabalhar amanhã", declarou.

A descoberta do bacilo em um posto que serve a Casa Branca surgiu no mesmo dia em que testes confirmaram que foi a forma pulmonar da doença do antraz que causou a morte de dois funcionários da agência de correio de Brentwood, em Washington. Uma outra funcionária do correio americano, desta vez em Nova Jersey (Hamilton), está internada com suspeita de infecção por antraz pulmonar.

Carta perdida - Fleischer contou que a bactéria foi detectada em uma máquina chamada "slitter", um aparato que abre as correspondências no posto. O destino da carta que contaminou o aparelho é desconhecido. Sua origem, não. A correspondência veio da agência de Brentwood, onde trabalhavam as duas pessoas mortas pela manifestação pulmonar da doença causada pela bactéria do antraz. Outros dois trabalhadores de Brentwood estão internados com suspeita de antraz pulmonar.

O espalhamento do problema pelos Estados Unidos levou o governo a tomar atitudes para investigar agências do correio em todo o país. O secretário de Saúde e Serviços Humanos, Tommy Thompson, disse que todos os postos que receberam ou processaram cartas ou pacotes com a bactéria do antraz serão examinados imediatamente por cientistas. Os funcionários dessas agências também devem ser examinados.

Funcionários de pelo menos seis postos do correio de Manhattan (Nova York) podem receber doses do antibiótico Ciprofloxacin, o principal remédio no combate à doença causada pela bactéria do antraz. A decisão surgiu depois de uma reunião, realizada nesta terça, entre autoridades do correio, representantes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDCP) e membros de sindicatos de trabalhadores do correio zangados por alegar que o governo americano não tomou as medidas necessárias para evitar que os colegas fossem afetados pela onda de contaminações.

O chefe dos inspetores do correio norte-americano, Kennetth Weaver, disse que todos os 3.300 inspetores postais do país estão em alerta para a investigação de correspondências que conteriam a bactéria do antraz. Ele ressaltou que a sobrevivência do serviço postal norte-americano depende necessariamente da confiança popular.

Políticos - A Câmara e o Senado dos EUA foram reabertos para sessões nesta terça-feira, uma semana depois da interdição por causa de uma carta com bactéria do antraz enviada ao senador Tom Daschle (Dakota do Sul), o líder do Partido Democrata na Casa.

A ameaça do antraz também se apresentou para políticos brasileiros nesta terça-feira. Um envelope pardo contendo pó branco foi deixado na presidência do Senado, em Brasília, destinado a "qualquer senador com rabo preso". O remetente da correspondência se identifica como "milícia de Brasília".

Bactéria benigna - A secretaria de Saúde de Buenos Aires divulgou nesta terça-feira que o bacilo de antraz encontrado em uma correspondência enviada de Miami a uma mulher no bairro de Parque Patricios é de um tipo "pouco frequente, que não produz doença".