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Congresso confirma mínimo de R$ 151
Do Diário do Grande ABC
11/05/2000 | 09:13
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O Congresso Nacional aprovou, já na madrugada desta quinta-feira, a Medida Provisória 2.019/2000, proposta pelo governo federal, que fixa o salário mínimo em R$ 151, nos termos do projeto de conversao do deputado Armando Monteiro (PMDB-PE), que acatou emenda do PFL prevendo a possibilidade do próximo reajuste do salário mínimo ocorrer entre janeiro e abril do ano que vem. A oposiçao tentou fazer passar um destaque que elevava o valor para R$ 177, mas foi derrotada.

Foram 306 votos favoráveis ao governo e 184 da oposiçao na Câmara e 48 votos a favor, 20 contrários e 1 abstençao no Senado. O projeto de lei de conversao da MP vai agora à sançao presidencial.

O líder do PT na Câmara, Aloísio Mercadante, anunciou que as oposiçoes nao farao mais obstruçao sistemática nas próximas votaçoes e voltarao a participar do colégio de líderes da Câmara. Ele disse, entretanto, que a confiança para negociar com os líderes do governo ainda vai demorar para ser restabelecida, em razao do atraso do cumprimento do acordo para votaçao da emenda do salário mínimo, marcada inicialmente para o dia 26 de abril. "O resultado dessa votaçao mostra uma fratura consolidada na base do governo", avaliou Mercadante.

Por outro lado, o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), repeliu qualquer avaliaçao precipitada, dizendo que antes seria preciso fazer uma análise das justificativas dos parlamentares que nao compareceram à votaçao. Todavia, o voto contrário à orientaçao do governo nao deve ser perdoado.

Os líderes governistas vao cobrar do presidente Fernando Henrique Cardoso uma reaçao dura contra os infiéis na votaçao de ontem da medida provisória do salário mínimo. O secretário-geral do PSDB, deputado Márcio Fortes (RJ), citou como exemplo o deputado Edinho Bez (PMDB-SC), que segundo ele controla a maioria dos cargos federais em Santa Catarina e votou contra o governo na madrugada. Fortes quer providências para poder se justificar perante o deputado Vicente Caropreso, que manteve sua fidelidade ao governo, mesmo sendo o único tucano da bancada catarinense. Em avaliaçao preliminar feita pelos líderes governistas, o PSDB foi o mais fiel dos partidos aliados, com 93,3% de sua bancada seguindo a orientaçao do governo. O PPB foi o segundo mais fiel, com 76,1%, o PFL teve 75% de fidelidade, o PTB, 72% e o PMDB, o partido da base aliada menos fiel, com 68,8% de seus deputados seguindo a orientaçao do governo.

Cobranças desse tipo também serao feitas por líderes de outros partidos da aliança governista. O caso mais delicado a se resolver será o do presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhaes (PFL-BA), que reafirmou sua preferência por um salário mínimo maior do que o fixado pelo governo, mas presidiu a sessao de ontem com isençao elogiada tanto pelos governistas quanto pela oposiçao. Para líderes governistas, a verdadeira postura de Antonio Carlos ficou evidenciada nos votos da bancada baiana, uma vez que apenas três deputados "carlistas" votaram contra o governo: Paulo Magalhaes (PFL-BA), que é sobrinho de ACM, José Ronaldo (PFL-BA), candidato a prefeito de Feira de Santana, e Roland Lavigne (PFL-BA), candidato a prefeito de Ilhéus. Diante dessa evidência, os líderes do PMDB nao devem cobrar do presidente uma retaliaçao a ACM. Eles avaliam que o objetivo de enfraquecer ACM foi alcançado, mas podem cobrar uma equiparaçao ao PFL na distribuiçao de cargos no primeiro escalao do governo, já que a dissidência nos dois partidos foi semelhante 26, no PFL e 30, no PMDB.




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