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Rabino reclama de declaraçao do papa sobre Holocausto
Do Diário do Grande ABC
23/03/2000 | 10:31
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Um dos grandes rabinos do Estado Hebreu, Israel Lau, afirmou que ter ficado insatisfeito com as declaraçoes do papa Joao Paulo II no discurso que Sua Santidade pronunciou nesta quinta-feira em Yad Vashem, o Memorial do Holocausto em Jerusalém.

O papa, que nao ignorava as expectativas provocadas por sua visita a Yad Vashem, disse que lamenta ``a terrível tragédia' da Shoah, em um discurso histórico pronunciado ante o monumento erguido em memória dos seis milhoes de judeus vítimas do Holocausto.

Também condenou todos os atos de anti-semitismo praticados pelos cristaos em diversas épocas e manifestou a esperança de que esta tragédia conduza a ``uma nova relaçao entre cristaos e judeus'.

Entretanto, nao pediu as desculpas que numerosos judeus esperavam por parte da Igreja Católica, devido à responsabilidade que lhe atribuem pelo ``Holocausto cometido pelos nazistas contra a comunidade judia durante a Segunda Guerra Mundial'.

``Espero que o papa mencione o Holocausto como um pecado que precisa de perdao', havia declarado o rabino Lau antes do pronunciamento do Sumo Pontífice.

O rabino Bakshi-Doron disse que esperava que o Sumo Pontífice ``pedisse perdao especialmente pelo silêncio da Igreja' Católica durante o Holocausto.

``Nós ainda vivemos à sombra do Holocausto, principalmente com o aumento dos movimentos extremistas na Europa', declarou à emissora de rádio estatal.

O Grande Rabinado se mostrou muito reservado sobre o 'mea culpa' histórico do papa no último dia 12, que nao mencionou o Holocausto, considerando ``curioso' que Joao Paulo II tenha beatificado Pio XII ao mesmo tempo em que pedia perdao pelos crimes cometidos em nome da Igreja Católica.

Os judeus acusam Pio XII de nao ter interferido durante a Segunda Guerra Mundial contra o regime nazista. As relaçoes diplomáticas entre o Vaticano e Israel foram estabelecidas somente em 1964.

Antes de visitar o monumento de Yad Vashem, o papa se entrevistou com Ezer Weizman e sua mulher. Durante o encontro, fez um apelo em favor de uma ``verdadeira paz' no Oriente Médio.

Em Yad Vashem foi recebido com entusiasmo. ``Como judeu, estou muito orgulhoso deste papa', declarou Moshe Zagerski, 72 anos, que freqüentou a mesma escola primária do papa e foi preso em 1940 pelos alemaes.

``Trata-se de um grande momento de exaltaçao', afirmou, acrescentando que ``é um papa que fez mais do que qualquer outro para melhorar as relaçoes com os judeus'.

Lathan Ben Horin, 79 anos, disse que Joao Paulo II é ``o melhor papa que os judeus já viram desde o estabelecimento do Papado'.




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