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Às portas da Amazônia
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
13/09/2006 | 20:09
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Terra do açaí, da cerâmica marajoara e portal de entrada para a maior floresta tropical do planeta, o Pará instiga os sentidos de qualquer visitante, seja pelo paladar peculiar de pratos como o pato no tucupi e o tacacá, seja pelo ritmo envolvente do carimbó, o colorido dos guarás, o perfume das frutas no Ver-o-Peso ou, ainda, pelo constante calor, que faz qualquer um procurar a sombra de uma mangueira. Para completar esta efusão sinestésica, acrescente o toque do calor não só climático como humano, vindo de um povo religioso, sempre pronto para acolher o turista da melhor maneira possível e, quem sabe, até despertar outros sentidos por meio de mandingas e poções preparadas com plantas amazônicas que as índias garantem ter poderes mágicos.

Seja lá qual for o motivo, atrativos não faltam para se visitar o Estado. Embora ainda pouco destacado nos catálogos das principais agências de viagem do país, com a modesta marca de 600 mil turistas em 2005 segundo dados da Paratur e do Dieese, o Pará tem muito a oferecer ao visitante.

Especialmente nesta época do ano, quando são realizados os dois mais importantes eventos do seu calendário: a Festa do Sairé, que começa amanhã em Santarém, e o tradicional Círio de Nazaré, que arrasta mais de 2 milhões de fiéis às ruas da capital Belém em meados de outubro.

Procissões à parte, quem visitar a Cidade das Mangueiras no próximo mês também poderá conferir os acordes da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz – cuja temporada vai de 3 a 26 de outubro – e as apresentações do Festival Internacional de Dança da Amazônia, que ocorrerá entre 24 e 29 do mesmo mês, também no pomposo teatro, erguido em 1874 como símbolo da opulência nos períodos áureos do Ciclo da Borracha.

Com capacidade para cerca de 900 pessoas, o Theatro da Paz abrigou a primeira apresentação de Arthur Moreira Lima, aos 9 anos, além de receber vários cantores líricos de renome na Europa. No início deste mês também serviu de palco ao tradicional festival de ópera, que reuniu grandes destaques da música erudita internacional a preços populares.

Com ou sem espetáculos, no entanto, sua arquitetura em estilo neoclássico, inspirada no Teatro Scala de Milão, com pinturas de seres da mitologia grega misturados a temas da Amazônia, já oferece motivos de sobra para uma visita, mesmo que breve.

A capital, aliás, é pródiga em construções históricas e museus que proporcionam ao turista uma verdadeira viagem no tempo, desde a descoberta de objetos esculpidos por civilizações primitivas há milhares de anos até a fundação de Belém pelos portugueses, em 1616.

Somam-se a isso os traços peculiares da gastronomia, do folclore e do artesanato de um povo singular, que confere a Belém o apelido de Cidade Morena devido à miscigenação entre colonizadores lusitanos e índios tupinambás.

Com quase 1,3 milhão de habitantes, o município apresenta dois terços de seu território tomados por ilhas: 55 no total. Entre elas, a do Mosqueiro, que promete despontar para o turismo com a inauguração de seu pórtico no ano passado e a implementação de novas placas de sinalização. Além dos ares europeus herdados dos imigrantes alemães e ingleses que aportaram na ilha no começo do século XX, Mosqueiro tira qualquer dúvida de quem pensa que rios não possam ter ondas, com 14 praias fluviais de maré agitada, algumas indicadas até para o surfe.

De lá, bastam mais alguns quilômetros de barco para se alcançar a lendária Marajó: outro recanto deslumbrante que faz qualquer ecoturista inflar os pulmões para engatar a primeira estrofe do hino estadual sem qualquer exagero ufanista: “Salve ó terra de ricas florestas, fecundadas ao sol do Equador, teu destino é viver entre festas, do progresso, da paz e do amor”.




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