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Penha rompe com Claudinho e vai para oposição em Rio Grande

Vice diz que prefeito descumpre plano de governo e que migrou para o PSDB, partido que combateu durante campanha

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
31/07/2021 | 00:23
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André Henriques/ DGABC


“Não dá mais para ser conivente com este governo.” A frase sintetizou o pensamento da vice-prefeita de Rio Grande da Serra, Penha Fumagalli (PTB), que anunciou o rompimento formal com o prefeito Claudinho da Geladeira (PSDB). “Não posso compactuar com este governo, que deixa Rio Grande à deriva.”

O estopim foi a exoneração de Penha do cargo de secretária de Educação. O Diário antecipou que a petebista foi demitida da função e substituída pelo ex-secretário de Educação de São Bernardo e ex-vereador Admir Ferro (PSDB). A formalização da troca trouxe à visão do munícipe o que classe política rio-grandense havia tempo já observava nos bastidores.

Segundo Penha, Claudinho deixou na gaveta plano de governo que os dois pensaram juntos e defenderam na eleição do ano passado – depois de duas derrotas consecutivas, o ex-vereador chegou ao cargo máximo da política do município. E, para piorar no cenário, o agora ex-aliado decidiu se filiar no PSDB, partido que permeou o discurso crítico da dupla nos trechos em que eles pregavam a necessidade de mudança.

“Passamos 16 anos de governo do PSDB. Pregamos que esse modelo tinha que ser mudado, que foi maléfico para a cidade. E, de repente, ele (Claudinho) caminha para o mesmo lado que a gente criticou tanto? É muito difícil”, disparou. “Em sete meses o Executivo não fez nada, nem sequer parou para pensar em reforma administrativa, enxugar o número de secretarias, algo que seria importante para dar fôlego financeiro à cidade. Se não bastasse isso, a cidade volta para as mãos do PSDB.”

Penha foi filiada por décadas no PT de Rio Grande, cidade onde vive há 50 anos. Ex-mulher de Carlos Augusto César, o Cafu, ex-vereador e ex-prefeiturável do petismo no município, deixou o petismo a convite de Claudinho e com articulação do ex-marido. Além de vice, era secretária de Educação e viu seu irmão, Charles Fumagalli (PTB), ser eleito vereador e presidente da Câmara. Com essas relações políticas, ela quer capitanear a construção de novo time já pensando na eleição de 2022.

A atual vice evita falar as palavras oposição ou rompimento. “São coisas que ele falou, que a todo momento ele diz. Eu não sou oposição ao plano de governo que desenhamos. Ele é”, comentou a petebista. “Ele me empurrou para isso. Ele diz que está rachado com a vice. Se ele declarou isso, não tenho por que achar que estou fazendo parte de governo”, emendou Penha, evitando, contudo, opinar se há interferência do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), nas conduções de Claudinho. “Não tenho como responder isso. Ele foi para o PSDB dizendo que foi pelo amor pelo que o governo do Estado tem com Rio Grande. Até hoje não vi nada de concreto algo que o governo estadual fez pela cidade. Passamos 16 anos de governos tucanos e teremos mais quatro desta mesmice”, finalizou Penha, relembrando das gestões de Adler Kiko Teixeira (PSDB) e Gabriel Maranhão (que iniciou o mandato pelo PSDB e encerrou pelo Cidadania).

RESPOSTA
Claudinho rebateu as críticas de sua vice. “Não tem isso (de não cumprir plano). A gente precisa ter olhar amplo para Rio Grande. Quero mudar a cidade, que é até hoje bairro do Grande ABC. Quero alterar essa realidade. A gente vive, pulsa, respira Rio Grande. Vamos cumprir plano, aliás, ir do programa traçado na campanha, com nova estação ferroviária, junto com rodoviária, trazer (unidade do) Poupatempo, recapeamento da SP. Faremos algo a mais do que o plano.”

Segundo o tucano, seu foco é fazer “o maior governo da história”. “Oposição ou não, vai de cada um. É importante ter oposição, o olhar da crítica, quando se tem unanimidade não dá certo. Então, não vejo problema, considero até isso com tranquilidade.”

(Colaborou Fábio Martins) 




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