Setecidades Titulo São Bernardo
Desmanche ilegal funcionava em sítio
Por Rafael Ribeiro
do Diário do Grande ABC
23/05/2012 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


Dois homens foram presos por policiais civis da Dicma (Delegacia de Investigações de Crimes Contra o Meio Ambiente) ontem, acusados de usar uma chácara no bairro Batistini, em São Bernardo, como desmanche ilegal de veículos. Cerca de 250 carcaças de automóveis, muitas em estado avançado de decomposição, estavam largadas no local. Até o fim da tarde, 177 delas haviam sido identificadas. Ao todo, 14 tinham algum tipo de restrição judicial que impedia a revenda.

O proprietário da chácara, Luiz Antônio da Silva, 52 anos, conhecido como Luizão do Desmanche, foi candidato a vereador na cidade nas últimas eleições pelo PHS e alegou que não revendia peças usadas de carros após a abordagem dos policias. Foi traído por um cliente, que apareceu na hora procurando por produtos. Além dele, também foi autuado em flagrante André Esteves Lima, 23, seu ajudante.

Há meses a polícia apurava denúncias contra Silva. Segundo a investigação, ele arremata carros com perda total em acidentes em leilões para aproveitar as peças. Morador no terreno há mais de 20 anos, conta que usa a própria casa como local de trabalho desde abril do ano passado, após ser despejado do antigo depósito, em lugar não revelado, por falta de pagamento.

É proibida por lei a existência de desmanches em áreas de mananciais, como a que está a chácara. Silva e seu ajudante foram autuados por três crimes ambientais: danificar floresta, impedir o crescimento dela e acumular agressores da natureza, em razão dos restos de combustível que vazaram no solo e outros agentes danosos, como fluído de bateria.

"Vamos ter de pedir uma avaliação da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para verificar se houve mesmo dano ao solo e ao lençol freático dessa região", destacou o delegado titular Américo dos Santos Neto.

Durante revista na casa, foram encontradas quatro armas, entre elas uma espingarda calibre 12 e um revólver 38, além de uma motosserra, equipamento de uso restrito. Silva também guardava no local pacotes de cabos furtados da Eletropaulo e quatro postes de iluminação pública. Com isso, foi indiciado também por estelionato, receptação e posse ilegal de arma. A dupla pode ficar até 16 anos presa.

Porcos se banhavam em nascente da Represa Billings 

Além do desmanche ilegal, Silva mantinha em sua casa um grande número de animais. Porcos, galinhas, cachorros, gatos, gansos e patos, além de dois cavalos, eram criados soltos, sem nenhuma higiene ou cuidado especial. Como resultado, todos os bichos bebiam água e se banhavam em uma das nascentes da Represa Billings, reservatório que abastece a região.

Não foi a única irregularidade vista por agentes da Vigilância Sanitária da Prefeitura no local. Com água empoçada nos carros e outros locais da casa, foram encontrados focos de proliferação do mosquito da dengue e de outras doenças pelo terreno. A administração municipal deve perdir a interdição da chácara nos próximos dias.

A investigação do órgão também mostrará se funcionava ou não no local um matadouro clandestino de porcos. "Precisa haver uma explicação para eles estarem aqui", disse o delegado Américo dos Santos Neto.

Apesar do interior da casa estar em bom estado de conservação, o entorno dava sinais de abandono até para quem olhasse de longe. Silva declarou que passou a trabalhar no local há cerca de um ano, mas as árvores e a vegetação, que cresceu dentro de algumas carcaças, dão a ideia para a polícia de que a atuação durava mais tempo. A própria rua principal de acesso à chácara, sem saída, tinha restos de carros estacionados nas laterais.




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