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Vigilância Sanitária de SP vai monitorar por 14 dias quem teve contato com paciente infectado pelo novo coronavírus

Secretaria de Estado da Saúde criou Centro de Contingência da doença coordenado por David Uip

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
26/02/2020 | 16:34
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Governo do Estado de São Paulo/Divulgação


A vigilância sanitária da Prefeitura de São Paulo anunciou que vai monitorar por 14 dias todas as pessoas que tiveram contato com o paciente de 61 anos diagnosticado com o novo coronavírus (COVID-19). O homem, um empresário que mora em São Paulo e esteve na Itália entre 9 e 21 de fevereiro, foi a primeira pessoa do País a ser contaminada com a doença.

Em coletiva de imprensa realizada na tarde de hoje, a coordenadora da vigilância sanitária da Capital, Solange Saboia, explicou que ao  menos 16 pessoas que estiveram no mesmo voo do paciente serão monitorados, bem como os 30 pacientes que estiveram no domingo na residência do empresário. O homem está em isolamento doméstico e apresenta bom estado de saúde. Têm contato apenas com a esposa, que também está sendo monitorada, mas não apresenta sintomas até o momento.

São sintomas do coronavírus febre alta e complicações respiratórias, como tosse e coriza. Pessoas que estiveram na China ou em um dos 15 países apontados como locais de origem ou transmissão dos vírus (Itália, Austrália, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Filipinas, Japão, Malásia, Vietnã, Singapura, Tailândia, Alemanha, França, Irã e Emirados Árabes Unidos), ou ainda, tiveram contato com pessoas que estiveram nessas localidades, nas últimas duas semanas, devem procurar atendimento médico.

Entre as pessoas que estiveram no mesmo vôo do empresário, quatro estão no Estado de São Paulo. As autoridades não souberam informar em quais Estados estão os outros passageiros. Solange destacou que são seguidos protocolos internacionais, que os contactantes são monitorados diariamente ou ao menos dia sim dia não pelo telefone, e que caso qualquer um deles apresente algum sintoma, a orientação é que procurem um serviço de saúde. "Recomendamos que evitem locais com muitas pessoas e posso adiantar que é uma família muito colaborativa", pontuou a coordenadora. Também foram adotadas medidas especiais com relação ao lixo produzido pelo paciente infectado, que tem sido descartado e recolhido separadamente. 

Coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus e reitor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), o infectologista David Uip destacou que o novo coronavírus, à exemplo de outras infecções respiratórias, são epidemias mais comuns em locais frios. "Não sabemos ainda como o vírus vai se comportar no verão brasileiro. Agora que temos um caso, é possível a vigilância epidemiológica fazer todo esse trabalho de monitoramento", pontuou. "O nosso trabalho é impedir que o vírus se espalhe", afirmou o secretário executivo de Saúde do Estado de São Paulo, Alberto Nakamura.

Os especialistas destacaram que são considerados grupos de riscos as pessoas com mais de 60 anos, especialmente aquelas com mais de 85 anos, além dos pacientes com comorbidades pré-existentes, como diabetes, doenças cardíacas e imunodepressivos, além de transplantados. "É uma infecção de impacto muito bem conhecida e a transmissibilidade é de um para três, ou seja, cada paciente infectado, pode transmitir para até outras três pessoas", pontuou Uip. A coordenadora da vigilância sanitária de São Paulo afirmou que com base em todo o histórico do paciente infectado, desde que chegou ao Brasil, no dia 22 de fevereiro, foram rastreados e identificados os potenciais contactantes.

David Uip lembrou que as medidas de prevenção são as mesmas para qualquer infecção viral: higiene constante das mãos e cobrir a boca com lenço em casos de tosse ou espirro. "Caso a pessoa se enquadre na situação de potencial contaminação, tendo estado nos países listados ou tido contato com pessoas que estiveram lá, é recomendável procurar o serviço de saúde usando máscaras", completou. Até o momento, estão sendo investigados 11 casos suspeitos no Estado, sendo nove na Capital e dois no interior. 

"O paciente diagnosticado procurou o serviço médico porque viu no noticiário que a Itália havia sido incluído na lista de países com relato de origem ou transmissão do vírus. Por isso é importante que as pessoas estejam bem informadas", destacou Uip. "Não há razão para pânico, mas precisamos estar alertas, porque essa situação pode mudar a qualquer momento. Todos estarmos atentos que existe uma nova doença, não é a pior, mas mais uma doença que vamos enfrentar e vencer", finalizou Nakamura.




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