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Auxílio-saúde satisfaz só ao sindicato
Flávia Braz
Especial para o Diário
03/07/2006 | 07:50
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O auxílio-saúde implantado pela Prefeitura de Ribeirão Pires aos servidores públicos, além de ter levantado um questionamento sobre as condições de atendimento no hospital municipal – os próprios funcionários que trabalham no local reclamam por convênio médico – parece ter agradado mais ao sindicato do que a própria categoria. Alguns servidores referem-se ao benefício como algo irrisório e tecem críticas à administração sindical. Os nove anos de luta do sindicato pela conquista parecem não ter atingido os principais beneficiados, que sequer compareceram à Câmara no dia da votação da matéria.

Segundo a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos, Dalva Aparecida da Silva Rodriguez, a categoria perdeu o direito a convênio médico durante a administração da petista Maria Inês. Agora, o benefício será devolvido de forma diferente, com um desconto de 5% em folha de pagamento. “Hoje pagamos em torno de R$ 42 de convênio. Aquele funcionário que ganha menos vai pagar no máximo R$ 24”, afirma a presidente. A batalha pelo benefício, que segundo Dalva era uma das reivindicações mais antigas da categoria, colocou em xeque o atendimento fornecido no hospital municipal São Lucas (único da cidade), levando-se em conta que seus próprios funcionários recusam-se a serem atendidos nele.

Para a presidente, a busca por melhores condições médicas não beneficiará apenas os servidores, mas contribuirá para “desinchar a máquina”. “São quase 2 mil servidores, com uma média de três dependentes por funcionário. Tiraremos em torno de 6 mil pessoas do atendimento público”, justifica-se Dalva, que está à frente da presidência há cerca de um ano e meio.

Para ela, o número de pessoas que buscam atendimento médico e a falta de hospitais no município são os principais problemas que aflingem a saúde pública. “Não que o atendimento em Ribeirão seja tão ruim, mas ele está na média do país. É muita gente para ser atendida em um único hospital.”

O auxílio, segundo a sindicalista, dará o mesmo tipo de plano a todos funcionários: direito ao uso da enfermaria. “O plano que a Prefeitura irá subsidiar será o básico. Quem quiser algum outro benefício terá de pagar a diferença”, afirma.

Dissabores – As críticas por parte de alguns funcionários não restringem-se ao desconto em folha de pagamento, mas ao comportamento do sindicato diante do governo Volpi. “As mesmas pessoas que hoje me chamam de pelega, diziam que o antigo presidente queria crescer politicamente. É muito mais fácil você ficar de fora jogando pedra”, defende-se Dalva, alegando que não tem motivos para criticar a atual administração.

“Como posso contrariar um patrão que em dois anos deu até 37% de aumento, devolveu cesta básica gratuita a todos os servidores, subsidiará uma parte do convênio médico e dará outro aumento salarial (previsto para agosto)?”, indaga Dalva.

Segundo o prefeito Clóvis Volpi (PV), o auxílio-saúde irá gerar custo de R$ 100 mil mensais aos cofres do Executivo. A fonte do montante, porém, foi aprovada, quase que de forma despercebida, na última sessão da Câmara. Os cerca de R$ 400 mil, que de acordo com o PPA (Plano Plurianual) seriam destinados à reforma do novo prédio do Fórum, foram transferidas para o benefício saúde. A mudança, segundo o projeto de lei, deve-se à falta de repasse estadual que arcaria com o restante da obra do Fórum. (Supervisão de Lola Nicolás)

 



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