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Em Mauá, tem delivery de jornal todos os dias
Por Bianca Barbosa
Especial para o Diário
27/03/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Desde que perdeu o terreno onde mantinha banca de jornal, na Vila Augusto, em Mauá, há seis anos, Armando Otaviano, 82 anos, se vira como pode. Além de disponibilizar os periódicos e revistas em estante em um bar do bairro, ele ainda encontra disposição para percorrer, a pé, três feiras próximas para entregar exemplares àqueles que considera “clientes fiéis” todos os dias, religiosamente. “Tenho as três coisas mais necessárias na vida: saúde, liberdade e credibilidade”, ressalta.

A banca de jornal surgiu na vida de Otaviano há 32 anos, no início da aposentadoria, após atuar por 35 anos na mesma empresa consertando elevadores. O novo oficio foi uma tentativa – ideia de um amigo – de incluir o filho mais velho, deficiente visual, que morreu há cerca de um mês devido a um câncer. “Ele disse que seria bom para o meu filho mais velho trabalhar em uma banca, mas não deu certo, então acabei tomando conta”, revela.

A mulher de Otaviano, dona Vera Lúcia, 73, conta que a banca pequena precisou ser removida do terreno emprestado. “O dono do local morreu e os herdeiros pediram o terreno de volta. Armando pensou em desistir, mas amigos e familiares o influenciaram a continuar”, destaca a dona de casa. E para continuar a alternativa foi instalar um display com o material em um bar do bairro, na esquina da rua onde mora.

Todos os dias ele acorda cedo e monta o estante no comércio, onde permanece vendendo jornais até as 11h. Além do ponto fixo, ele percorre a pé três feiras próximas e dois bairros. Tem clientela fiel e leva os jornais até ela, religiosamente, todos os dias. Diz que sempre levou o empreendedorismo a sério e que o segredo da disposição é nunca ter bebido nem fumado. “Está difícil vender jornal hoje, por conta da tecnologia. As amizades ajudam muito. O importante é ter a confiança deles”, reconhece.

Exemplo da rede de amigos é o quanto ele é conhecido e querido pelo bairro. Uma vizinha, a dona de casa Dora Oliveira, 55, ajudou a equipe do Diário a encontrar a residência de Otaviano. “Fica ali naquela casa”, apontou para o sobrado com um Opala estacionado na garagem. “Todo mundo por aqui conhece o seu Armando do jornal”, observa a senhora.




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