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Grande ABC tem estoque de sangue para apenas dez dias

Impossibilidade de realizar doação por 30 dias após vacinação contra a febre amarela é problema

Ana Beatriz Moço
10/03/2018 | 07:00
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Nario Barbosa


Embora os estoques dos bancos de sangue de todo o País estejam sempre em alerta, a situação se tornou mais preocupante devido à campanha de vacinação contra a febre amarela, tendo em vista a necessidade de aguardar período de quatro semanas após a imunização para realizar a atividade que salva vidas. Nos hemocentros do Grande ABC, houve alta de 6% nos casos de recusa – quando o paciente é impedido de doar – devido à proteção contra o vírus. Em consequência, a demanda da região é suficiente para durar até dez dias, quando o ideal seria ter capacidade para atender por, no mínimo, 20 dias. Há duas semanas, as geladeiras supriam 15 dias, o que prova que a situação está se agravando.

Segundo a Colsan (Associação Beneficente de Coleta de Sangue) – que administra quatro postos no Grande ABC –, doadores regulares procuram hemocentros sem respeitar o limite mínimo de 30 dias após tomarem a vacina contra a febre amarela. O problema ocorre mesmo após campanha alertando sobre a necessidade de realizar a doação de sangue antes da imunização e também com instalação de posto de proteção contra o vírus nas unidades da região.

O Grande ABC conta com 6.300 doadores, no entanto, no mês de fevereiro foram coletadas somente 4.521 bolsas de sangue – 1.000 a menos do que em meses anteriores.

Diante do cenário de alerta, o Ministério da Saúde lançou campanha para conscientizar a população sobre a importância da doação regular e incentivar a adesão de novos voluntários. O governo pede que a população se atente que o sangue é essencial para os atendimentos de urgência, para a realização de cirurgias de grande porte e no tratamento de pessoas com doenças crônicas e oncológicas.

De acordo com a enfermeira responsável pela coleta de sangue da Colsan, Flávia Seloto, com apenas uma bolsa o doador pode salvar quatro vidas. “A preocupação maior com a deficiência no estoque é a de não conseguir suprir a demanda dos hospitais e agências transfusionais.”

A estudante Jossiane Rocha dos Santos, 18 anos, esperou chegar à maioridade para realizar a ação. “Meu tio morreu quando eu tinha 13 anos, e uma das causas foi a falta de estoque de sangue para transfusão. A situação mexeu muito comigo e decidi que quando completasse idade suficiente para vir (doar) sozinha, o faria. O fato de poder salvar alguém é o que me motiva.”

Embora Jossiane tenha esperado completar a maioridade, qualquer pessoa pode doar sangue a partir dos 16 anos. Já a idade limite máxima é de 69 anos. Para os menores de 18 anos, é necessário o consentimento dos responsáveis e, entre 60 e 69 anos, a pessoa só poderá doar se já o tiver feito antes dos 60 anos. Além disso, é preciso pesar, no mínimo, 50 quilos e estar em bom estado de saúde. O candidato deve estar descansado, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação e não estar de jejum. No dia, é necessário documento de identidade com foto.

A frequência máxima é de quatro doações anuais para o homem e de três doações anuais para a mulher. O intervalo mínimo deve ser de dois meses para os homens e de três meses para as mulheres.

CAMPANHA

Embora a doação de sangue tenha caído consideravelmente neste início de ano, campanha na internet para salvar a vida do pequeno Denis Gabriel de Sousa Ramos, 2 meses, motivou muitas pessoas a realizar a ação. Na terça-feira, a equipe do Diário esteve no hemocentro de São Bernardo e presenciou que pelo menos cinco pessoas foram doar sangue em nome do menino. 

De acordo com a mãe de Denis, Paula Sousa, 23, após receber a vacina contra o rotavírus, o bebê apresentou reações que desencadearam desidratação. Por conta disso, o bebê desenvolveu anemia profunda, com necessidade de transfusão. 




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