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Família de Josino processará ex-policial Rambo
Por Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
03/04/2012 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


A família de Mário José Josino, assassinado há 15 anos durante blitz da Polícia Militar na favela Naval, em Diadema, irá processar por danos morais o ex-soldado Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, autor do disparo fatal que atingiu as costas da vítima - na época com 30 anos. A decisão surgiu um dia depois de a TV Record exibir entrevista com Rambo.

A equipe do Diário esteve ontem à tarde, novamente, na casa da mãe de Josino, Efigênia Guilhermina Josino, 75 anos, no bairro Jordanópolis, em São Bernardo. O clima era de insatisfação e revolta, principalmente pelo fato de Rambo, durante a entrevista, além de não ter mostrado nenhum tipo de arrependimento, ofender a honra da vítima. "Meu filho nunca foi traficante", afirmou, perplexa, a ex-faxineira no Hospital São Bernardo, referindo-se a uma das declarações do ex-policial.

Ao ser indagado pelo jornalista Marcelo Rezende se sentia prazer em bater nas pessoas que circulavam pela Naval, Rambo foi taxativo. "Não. Mas todos os 48, filmados no vídeo, eram reincidentes".

O que foi veementemente contestado por Eneas de Oliveira Matos, advogado da família do ex-conferente de empresa automobilística, desde o início do caso. "Josino sempre foi trabalhador e com ficha limpa. Por vários momentos da entrevista, a sua memória e honra foram atingidas", afirmou.

Condenado pela Justiça pelo assassinato de Josino, inicialmente, a 65 anos de prisão, depois por 45 - o que na realidade se resumiram a 15 anos e oito  meses de cadeia -, Rambo hoje cumpre a pena em liberdade. No entanto, durante o depoimento, o ex-soldado colocou em xeque a autoria do crime: "Pelo ângulo, o tiro pode não ter sido CS10.2o meu disparo. Talvez de algum traficante".

A declaração foi contestada pelos familiares e advogado. "Ele foi condenado exatamente por isso. Agora, insinua que o Josino seria ligado ao tráfico de drogas que existia no local. É um absurdo", afirmou Eneas, que entrará com ação ainda nesta semana. O advogado se baseia no artigo 12, do Código Civil, que prevê a proteção da memória e da honra, mesmo após a morte.

Para o único filho de Josino, Kleiton, que tinha 9 anos quando o pai morreu, a fala de Rambo foi deprimente. "Ele não disse ter se arrependido, além de, em muitos momentos, dar risada", afirmou, ao revelar que evitou assistir à entrevista. Após 15 anos, a família ainda não foi indenizada pelo Estado, conforme o Diário registrou na edição de domingo. Rambo mora em Presidente Venceslau e não foi localizado.




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