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Primeira fertilização artificial da região completa 15 anos

Processo realizado pela FMABC deu vida a Emanuel;
resultado surpreendente deu credibilidade ao serviço

Natália Fernandjes
do Diário do Grande ABC
29/06/2017 | 07:22
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Celso Luiz/DGABC


O primeiro caso de sucesso de reprodução humana do Grande ABC completa hoje 15 anos. O procedimento de fertilização in vitro, até então chamado de ‘proveta’ e realizado no ainda laboratório de fertilização da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) – hoje o maior centro universitário de reprodução humana assistida da América Latina, a Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) denominada Ideia Fértil –, trouxe à vida, oito meses depois, Emanuel Victor Genoíno da Silva, 14, e, com ele, a concretização de sonho do casal Maria de Jesus da Silva, 44, e Manoel Genoíno da Silva Júnior, 46, e também do idealizador do espaço, o ginecologista e especialista em reprodução humana Caio Parente Barbosa. “Foi o início de um sonho. Algo que a gente começou sem saber se iria dar certo, porque se tratava de procedimento complicado e caro e não coberto pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, lembra Barbosa.

Diante de um primeiro resultado surpreendente em 2002, quando uma das sete mulheres com obstrução nas trompas submetidas à fertilização artificial de óvulos engravidou, o serviço ganhou credibilidade e cresceu. “De lá para cá construímos um prédio, criamos programas especiais de atendimento (para pacientes idosos, oncológicos, cadeirantes e soropositivos) e o número de profissionais aumentou (passou de dez para os atuais 130)”, acrescenta.

Com o passar do tempo, a tecnologia trouxe novas técnicas de reprodução humana, aliadas à modernização dos medicamentos utilizados para o estímulo da ovulação. “A gente ainda não tinha microscópio invertido para a injeção do espermatozoide no óvulo, por exemplo, que somente chegou um ano e meio depois. As drogas usadas não eram tão boas para minimizar os custos do procedimento. Hoje já temos equipamentos mais sofisticados e drogas mais adequadas”, explica o médico. Com isso, a taxa de sucesso também foi ampliada, de 15% para os atuais 40%. Em média, um ciclo de fertilização custa R$ 8.000, incluindo os remédios necessários.

Na casa da família Silva o cenário também não é o mesmo observado há 15 anos. “Ficamos surpresos. Engravidei logo na primeira tentativa. A gente sabia que poderia não dar certo e não tínhamos dinheiro para tentar outras vezes. Fui premiada e, desde então, tudo mudou na minha vida. Passei a conhecer esse amor de mãe, a ter preocupação. Ele (Emanuel Victor) completou a nossa vida e hoje não imagino a gente sem ele”, observa Maria, que chegou à FMABC encaminhada pela UBS (Unidade Básica de Saúde) após dois anos de tentativas de engravidar.

À época, o procedimento custou R$ 750. “Estava desempregada, mas meu marido trabalhava. Agora é diferente. Trabalho como auxiliar de cozinha em uma escola e meu marido está procurando emprego. Hoje, certamente não teríamos condições de pagar”, ressalta.

Para quem chegou ao mundo com a ajuda da tecnologia e de forma artificial, o procedimento é válido e uma possibilidade já cogitada, caso tenha dificuldades para ter filho no futuro. “Acho muito legal, não me sinto diferente e não tenho problema em ter nascido a partir da fertilização in vitro”, destaca o jovem Emanuel, estudante do 9º ano do Ensino Fundamental de escola estadual em São Bernardo e que sonha em cursar Artes Cênicas.

“Sou muito ligado à arte, adoro desenhar, pintar, música. Estou atrás de um curso de teatro”, comenta o adolescente estudioso e inteligente, conforme a mãe. “Ele é incrível. Tudo o que uma mãe deseja. Vale a pena ir atrás para realizar um sonho”, complementa Maria, orgulhosa.

Nascido para auxiliar casais com problemas de fertilidade e que não têm condições de arcar com o alto custo do processo de reprodução assistida em clínicas particulares, tendo em vista que o procedimento não é coberto pelo SUS nem pelos convênios médicos, o Ideia Fértil realiza atualmente pelo meno 300 ciclos de fertilização por mês. “Ainda estamos falando do procedimento mais barato do País”, destaca Barbosa. Em média, um ciclo em clínica particular custa de R$ 10 mil a R$ 20 mil.
 




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