A liberação de financiamentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social para empresas do Grande ABC no primeiro trimestre alcançou R$ 537 milhões, crescimento de 52% frente ao registrado no mesmo período de 2010. O número de operações (contratos) também cresceu (28,5%), passando de 1.530 para 1.967 nos três meses iniciais de 2011.

Os números da região contrastam com o desempenho das concessões para todo o País, que caíram 2% nos três primeiros meses deste ano, ao somarem R$ 24,9 bilhões.

A instituição não detalha quais segmentos da economia dos sete municípios recorreram aos empréstimos. No entanto, outro levantamento do BNDES revela que, no País todo, duas atividades importantes no Grande ABC, a área de transporte rodoviário e a indústria química e petroquímica, estiveram entre os destaques de liberações. No primeiro setor, a expansão foi de 10%, com R$ 7,4 bilhões em concessões de janeiro a março. No segundo caso, os contratos somaram R$ 1,17 bilhão, acréscimo de 36%.

Entre os motivos para o aumento da procura pelos recursos da instituição estão as linhas do Programa de Sustentação do Investimento, criado em 2009 para combater os efeitos da crise financeira global. A compra de caminhões conta hoje com juros de 10% ao ano para empresas e de 7% para autônomos. A modalidade do BNDES representou quase 80% dos financiamentos do banco Mercedes-Benz no primeiro trimestre.

Os dados revelam ainda a alta confiança do empresariado da região na economia, avalia o professor Leonel Tinoco, que é delegado do Conselho Regional de Economia no Grande ABC. Isso porque o BNDES tem como foco o financiamento a ampliações e à compra de maquinários, que ocorrem quando as companhias projetam aumento da demanda.

Tinoco explica ainda que o BNDES é a principal fonte de crédito de longo prazo no País, por suas condições diferenciadas - entre elas a adoção da Taxa de Juros de Longo Prazo, hoje em 6% ao ano, mais taxa para remunerar o agente intermediador (os bancos comerciais).

Apesar de apontar otimismo em relação aos rumos da economia, os desembolsos não retratam o estado de ânimo atual das empresas, assinala Tinoco. Isso porque, normalmente, demoram vários meses entre o pedido do empréstimos e a liberação. "Como o governo quer baixar o nível da demanda, as pesquisas mostram que a confiança está diminuindo", observa.

Cartão do banco registrou crescimento de 81%

O Cartão BNDES ampliou em 81% o volume de concessões no primeiro trimestre no País, ao movimentar R$ 1,3 bilhão, com 98,2 mil operações. Embora fuja do foco principal da instituição - a modalidade também financia capital de giro -, tem tido grande aceitação, pelas condições especiais.

Atende a pequenas empresas com crédito rotativo pré-aprovado de até R$ 1 milhão, com prazo de até 48 meses. O gerente do posto do BNDES na regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em Diadema, Dario Sanchez, assinala que os juros de 1,01% ao mês são outro atrativo.

O empresário Gildo Freire de Araujo, que tem escritório de contabilidade em Diadema e restaurante na Capital, aprova. "Possui forma de pagamento facilitada e é bem prático", diz. Atualmente ele tem dois empréstimos, de R$ 40 mil e de R$ 25 mil, para a troca de equipamentos de informática de suas duas empresas.