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Setor de máquinas espera crescer 10%
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
20/01/2001 | 00:19
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Os fabricantes de máquinas e equipamentos do Grande ABC estão animados com as projeções de negócios para este ano. Confiantes na recuperação da economia e apoiados pela desvalorização cambial na concorrência com as importações, eles esperam crescimento global do setor acima de 10% no faturamento para este ano. A região apresenta também um dos segmentos mais dinâmicos na compra de bens de capital: as indústrias de transformação do plástico. As empresas de pequeno e médio portes do setor investem na ampliação da produção com incentivo dos fabricantes de máquinas nacionais ou nacionalizadas. Custo menor e acesso a financiamento para aquisição, além de assistência técnica mais próxima, são trunfos dos produtores de máquinas locais. Os equipamentos importados só ganham a concorrência quando está em jogo a tecnologia.

“Na realidade, houve uma mudança no perfil dos investimentos após a desvalorização do real em janeiro de 1999, que fez dobrar o valor das máquinas importadas. Simultaneamente, no ano 2000 houve crescimento do PIB em torno de 7% e um maior volume de investimentos em máquinas e equipamentos”, explicou o diretor da MGM, de São Bernardo, Mário Bernardini. Ele disse que sua empresa cresceu 50% em relação a 1999, um ano difícil para as empresas nacionais diante da política cambial de paridade dólar e real, que ele chama de “subsídio” ao dólar.

Bernardini previu que o crescimento das vendas neste ano é menor, mas acima de 10%. “Eu espero que o setor de bens de capital cresça acima da média do setor industrial. Há expectativa de que o PIB cresça 4% e a indústria, de maneira geral, terá desempenho acima disso. Com um cenário favorável ao crescimento, o esgotamento da capacidade instalada de nossos clientes e um custo de dinheiro menor, teremos um crescimento compatível com a recuperação do setor.”

O empresário disse que as importações sempre concorrem com o produto brasileiro. No entanto, ressaltou que a situação depende da manutenção do real equivalente a uma cesta de moedas formadas por dólar e euro. A maior parte dos fabricantes é da Europa e a moeda única européia desvalorizada ainda é um risco. Bernardini defendeu a entrada do embaixador Celso Lafer no Ministério de Relações Exteriores porque confia na experiência de negociação do ministro para ampliar as exportações brasileiras.

Encomendas – O diretor da B.Grob, Klaus Mobius, deu um exemplo do momento favorável vivido pelos fabricantes nacionais. A subsidiária brasileira da empresa alemã instalada em São Bernardo fechou contrato de US$ 12 milhões neste ano com a Volkswagen para executar um novo projeto da montadora na Argentina. Venceu uma concorrência internacional com fabricantes europeus que tinham o euro mais barato como um trunfo irresistível. “Conseguimos os mesmos níveis de descontos que eles. Se a disputa fosse antes da desvalorização do real, teria sido impossível”.

No ano passado, o faturamento de US$ 64 milhões da B.Grob foi em grande parte garantido pelo fornecimento de toda a linha de produção da Renault em Curitiba, no Paraná. Como o contrato com a montadora francesa ainda não se extinguiu e há outras encomendas em perspectiva, Mobius espera manter o faturamento do ano passado em 2001.

Para o presidente da Winmoeller & Hoelscher, Reinhard Bosse, os produtos nacionais com tecnologia similar à dos estrangeiros têm preços competitivos e são beneficiados com financiamento mais acessível. Bosse afirmou que a venda de máquinas nacionais cresceu 8% em 2000, embora a possibilidade de importação acene com vantagens como o euro mais fraco ante a estabilidade do real e juros mais baixos. A empresa com matriz na Alemanha está em Diadema há 27 anos e atua na fabricação e importação de máquinas extrusoras de plástico. Bosse disse que, de 35 empresas do setor, menos de cinco são nacionais.




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