Economia Titulo Comércio Exterior
Exportação de carros deve ter alta

Depois de 2014, em que as vendas do setor automobilístico terão forte recuo, a expectativa é de leve melhora nos embarques em 2015

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
25/12/2014 | 07:05
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Andréa Iseki/DGABC


Produtos manufaturados, como automóveis e autopeças, devem ter crescimento da ordem de 5% nas exportações em 2015. A expectativa, se confirmada, reverte trajetória descendente das vendas do setor automotivo ao Exterior em 2014. No caso das peças, a retração chega a 16% neste ano até novembro na comparação com mesmo período de 2013, segundo dados do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes de Veículos Automotores), enquanto os carros de passageiros têm queda nas encomendas ao Exterior nos 11 primeiros meses deste ano (em unidades) de 32%, aponta a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Essa previsão favorável para o ano que vem é da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), entidade que congrega o segmento empresarial de exportação e importação de mercadorias e serviços. Para o presidente da entidade, José Augusto de Castro, a perspectiva de ligeira melhora no campo externo ocorre pelo impacto direto da valorização do dólar frente ao real.

Castro espera que o dólar se mantenha na faixa de R$ 2,75 (podendo oscilar entre R$ 2,60 e R$ 2,90) em 2015, o que permitirá, por exemplo, que os carros fabricados no Brasil comecem a ter condições de competitividade no Exterior. O resultado poderia ser ainda melhor. “O problema é que os nossos mercados de produtos manufaturados têm dificuldades”, afirma. Ele se refere à Argentina, que vive crise cambial e não tem divisas para a compra de itens pelos importadores locais. Isso atrapalha o setor automotivo brasileiro, já que o país vizinho é destino de 65% das vendas de veículos brasileiros, e é um entrave para o Grande ABC, que é um polo importante do setor e que concentra nesse mercado 45% dos embarques ao Exterior. O dirigente da AEB cita que outros mercados importantes de manufaturados são outros países da América do Sul, que é exportadora de três commodities: minério, petróleo e soja. O problema é que esses itens devem ter forte queda de preços no ano que vem, prevê Castro. Com isso, a receita de exportação desses países diminui e o poder de importação também.

Por outro lado, a valorização do dólar permite às empresas brasileiras ter preço melhor para ingressar nos Estados Unidos e na União Europeia, porém o Brasil está fora desses mercados desde 2008 e precisa reconquistá-los. Ele acrescenta que a recuperação de espaços não é imediata, já que há contratos em andamento, só é possível vender depois da conclusão destes e, além disso, é preciso comprovar que, depois de se retirar do mercado, a empresa não vai sair outra vez. Castro assinala ainda que as indústrias automobilísticas vão ter de buscar alternativas à Argentina – como a Anfavea já vem fazendo, buscando negociações na Colômbia, Equador, Peru e África do Sul –, e com preço mais competitivo, mas a previsão ainda é pequena, perto do que essa indústria já exportou no passado. Em 2005, por exemplo, as montadoras chegaram a vender ao Exterior quase 900 mil veículos e, neste ano, podem ficar perto de atingir as 400 mil unidades embarcadas, ou seja, menos da metade.

A AEB espera ainda que o número de empresas exportadoras cresça em 2015, já que o mercado interno deve continuar retraído e as vendas ao Exterior serão uma válvula de escape para as indústrias brasileiras.

PETRÓLEO - O País deve ampliar em 31% na quantidade exportada (em toneladas) de petróleo e de 5% em minério e em soja. Nesses últimos dois casos, isso deve ajudar apenas a contrabalançar, em parte, a perda de receita com a queda das cotações. No caso do petróleo, se a Rússia e a Venezuela tiverem problemas para exportar, isso pode ajudar a elevar os preços internacionais.

O que está ajudando a pauta das commodities brasileiras, por enquanto, são as carnes, que têm oferta menor que a demanda lá fora, observa o especialista.

SUPERAVIT - O País poderá reverter, no ano que vem, o deficit comercial (ou seja, importações maiores que as exportações) deste ano, que deve ficar em US$ 4,58 bilhões neste ano, prevê a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil). A entidade projeta, para 2015, que as vendas ao Exterior vão superar as compras de itens de outros países em R$ 8,14 bilhões.

Apesar dessa previsão favorável, a associação considera que esse superavit ocorrerá menos pelo aumento das exportações e mais pela forte queda das importações. Isso porque vários fatores devem contribuir para reduzir o crescimento econômico brasileiro em 2015, que deve ficar em 0,55%, de acordo com mais recentes estimativas de analistas financeiros apontadas no relatório Focus, do Banco Central. Com isso, haverá consequente redução nas compras de itens do Exterior, porque a alta da taxa cambial elevará custos para aquisição de insumos, máquinas, componentes e produtos acabados do Exterior, segundo a associação.

O presidente da AEB, José Augusto de Castro, considera ainda que, apesar do superavit projetado, o Brasil ainda necessita de reformas estruturais tributária e trabalhista e investimentos maciços em infraestrutura para reduzir custo de logística e acelerar processos de desburocratização, para tornar os produtos exportados competitivso, sem que dependam da taxa cambial. 




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