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Especialistas contestam a necessidade de alta da Selic
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21/02/2010 | 07:02
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A necessidade de forte alta na Selic, a taxa básica de juros, é contestada por alguns especialistas sem laços com o mercado financeiro. "Eu não sairia aumentando a Selic em 2 ou 2,5 pontos percentuais porque não acho que essa pressão de preços seja generalizada", diz Ricardo Carneiro, economista do Centro de Estudos de Conjuntura e de Política Econômica da Unicamp.

Ele nota que os preços industriais estão comportados e itens que elevam os índices, como os ônibus em São Paulo e alguns alimentos, têm aumentos sazonais.

Por outro lado, Carneiro reconhece que há uma pressão altista localizada em setores de serviços como educação, saúde ou mesmo serviços pessoais, como cabeleireiro etc. Para o economista, "não há dúvida de que isso esteja associado à demanda". Mas ele acrescenta que são segmentos com relação de clientela muito grande, que conseguem ter aumentos de margem sempre que a economia cresce.

É um problema complicado, esses setores têm mais inércia, demoram pouco mais a aumentar sua oferta. Mas eu toleraria que o índice ultrapassasse o centro da meta, com política monetária acomodatícia e uma política de oferta, para dar tempo para que reagissem", explica.

Amir Khair, consultor e mestre em Finanças Públicas, também vê um componente sazonal, que não se perpetua, em aumentos de mensalidades escolares, alimentos e tarifas de ônibus. "O próprio mercado reconhece que, no início do ano, a inflação é sazonalmente mais elevada."

Khair acrescenta que as previsões de inflação do mercado financeiro, nas quais se baseiam as expectativas inflacionárias monitoradas pelo Banco Central, são frequentemente erradas, mesmo para períodos curtos de até três meses.

Além disso, ele diz que o boletim Focus - coletânea de projeções compiladas semanalmente pelo Banco Central - "capta majoritariamente as informações do mercado financeiro e não do mercado como um todo".

Segundo o consultor, "o BC responde muito ao que o mercado financeiro pensa e vice-versa, há uma espécie de ligação siamesa". 




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