Economia Titulo Balança
Saldo comercial das sete cidades fica negativo

Volume de importações registrado no mês de janeiro foi
maior do que exportações, com R$ 46 milhões de diferença

Por Cibele Gandolpho
Leone Farias
19/02/2010 | 07:00
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A balança comercial do Grande ABC - diferença entre exportações e importações - fechou o primeiro mês do ano com saldo negativo de US$ 46 milhões. O volume registrado em janeiro de 2009 foi bem diferente, superavitário em US$ 1,187 bilhão. Os dados são do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

A região embarcou em janeiro US$ 319 milhões em exportações contra US$ 255 milhões no mesmo período de 2009, resultando em alta de 24,90%. Em importações, o volume do mês passado foi de US$ 365 milhões contra US$ 254 milhões do mesmo período de 2009 - diferença de 43,64%. Assim, com mais compras do que vendas, o saldo comercial do Grande ABC fechou o primeiro mês do ano negativo.

Para o economista e professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Radamés Barone, embora as importações tenham aumentado de um ano para outro, 43,64%, as exportações não acompanharam o mesmo desempenho, apesar de terem fechado com alta de 24,90%. "A crise econômica fez com que os países que importavam do Brasil diminuíssem o ritmo. Em contrapartida, o País precisou continuar comprando produtos de fora para dar conta da alta na produção de vários setores. No caso do Grande ABC, há muitas indústrias ligadas ao setor automotivo e a maioria das peças são importadas", diz.

Barone destaca como ponto negativo nesta diferença o fato de o cenário ser ruim para os exportadores. "Com o real valorizado frente ao dólar, as exportações tendem a cair porque os países que compram do Brasil reduzem os pedidos." Ele também avalia o aquecimento do mercado interno. "Com a produção batendo recordes, a importação de peças tende a crescer na mesma proporção, causando saldo negativo, como ocorreu agora. Esse cenário já era previsto para o período pós-crise", afirma o professor.

Segundo o MDIC, no ranking por municípios da região em janeiro, São Bernardo aparece em primeiro lugar em exportações e em importações, com US$ 209 milhões e US$ 205 milhões, respectivamente.

Em relação à queda das vendas externas, Diadema foi a cidade que mais teve redução entre as sete cidades, 73,07% de um ano para outro. Segundo o diretor titular da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, José Gascon Hernandez, tradicionalmente as vendas ao Exterior do município são baixas, já que há muitas pequenas indústrias (sobretudo de autopeças) que exportam indiretamente ao fornecerem para montadoras e companhias que têm negócios com outros países.

Ele acrescenta que, "além dos valores serem baixos, uma grande indústria da cidade, no ano passado, fez encomendas de grandes prensas (máquinas para produção de veículos), o que pode explicar a diferença de desempenho entre os dois janeiros." Apesar do início de ano desfavorável, Hernandez afirma que a perspectiva é de melhora nos próximos meses em Diadema.

Exportadoras de carnes apresentaram alta em janeiro

As maiores exportadoras de carnes brasileiras registraram aumento em janeiro, em comparação ao mesmo período de 2009, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). De acordo com o levantamento, a Marfrig Alimentos foi a companhia do setor que apresentou o maior avanço no intervalo, de 110,6% na receita obtida com as vendas externas. A companhia exportou o equivalente a US$ 48,15 milhões no mês passado, ante US$ 22,86 milhões em janeiro de 2009. Em relação a dezembro, a expansão foi de 0,5%.

A BRF-Brasil Foods, no entanto, ocupa a posição de líder nas exportações de carnes e aparece como a oitava maior exportadora brasileira. Em janeiro de 2010, a antiga Perdigão vendeu ao exterior US$ 141,85 milhões.

A Sadia fez US$ 125,88 milhões em janeiro, alta de 2% em comparação a janeiro de 2009. O Minerva avança na lista dos maiores exportadores, com aumento de 57,6% nas vendas ao Exterior. No mês passado, as exportações somaram US$ 64,95 milhões, ante US$ 41,2 milhões no mesmo período de 2009. (Da AE)

País vai reforçar importações neste ano

O Brasil vai trabalhar neste ano para conquistar um mercado importador, formado por diversos países, com potencial para elevar as vendas da balança comercial em até US$ 10 bilhões, principalmente na área de carnes. A informação foi dada ontem pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes.

Segundo ele, os mercados em questão ainda envolvem impasses, a maioria de ordem sanitária e fitossanitária, mas as negociações estão avançadas e as dificuldades poderão ser superadas neste ano pelas missões brasileiras. Em 2010, o Brasil também quer vender mais para esses países carne suína, soja (principalmente para o México), produtos lácteos e frutas.

Stephanes informou que, no ano passado, o agronegócio foi responsável por 42% das exportações brasileiras, o que é recorde nos últimos 30 anos. Em 2009, houve aumento das quantidades de produtos brasileiros embarcadas para o Exterior, embora tenha havido queda de preços de 9,8% em relação a 2008, em consequência da crise financeira internacional.

MISSÕES - De acordo com o ministro, o Brasil vai enviar neste ano 19 missões comerciais a 25 países, com o objetivo de ampliar a pauta de exportações. "Estamos vendendo para 180 países, mas podemos ampliar mais ainda os mercados compradores."

Estão previstas ainda 12 missões que vão também percorrer diversos países, na área da promoção comercial, em um trabalho que será feito em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

"O trabalho das missões é intensivo e permanente e muitas vezes pode durar até dez anos", disse o ministro. Ele exemplificou que um questionário encaminhado ao Brasil pelo Japão, por exemplo, pesa 50 quilos de papel. "O trabalho é difícil, mas necessário para a expansão comercial", conclui Stephanes. (Da Agência Brasil)

Brasil pode exportar 6% a mais em volume em 2010

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, previu ontem que as exportações brasileiras do agronegócio podem crescer de 5% a 6%, em volume, na comparação com o ano passado. Dados do Ministério apontam que as vendas domésticas recuaram 9,8% em receita em 2009 ante ao ano anterior, passando, no período, de US$ 71,8 bilhões para US$ 64,8 bilhões.

"O desempenho das exportações no ano passado foi considerado bom tendo em vista que foi um ano de crise", ponderou Stephanes. Em termos quantitativos, se houve decréscimo de 0,4% em volume de vendas. "Os demais setores caíram mais de 30%, enquanto a agropecuária quase se manteve estável em volume."

Esses movimentos foram os responsáveis para que a participação do segmento no total das exportações brasileiras tivesse passado de 36% em 2008 para 42% em 2009. Segundo ele, a tendência para 2010 é de redução dessa fatia, já que outros setores da economia tendem a se recuperarar.

Entre os países mais resistentes a adquirir produtos brasileiros estão Canadá, México e Coreia. No caso do México, Stephanes salientou que três questões atrapalham a comercialização. A primeira diz respeito às dificuldades logísticas do Brasil, que encarecem os produtos nacionais.

A segunda está relacionada ao Nafta (bloco comercial que facilita o trânsito de produtos entre Canadá, México e Estados Unidos). E a terceira é o fato de o país querer desenvolver sua produção interna sem concorrência externa. (Da AE)




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