Os consumidores da região estão pagando quase R$ 20 a mais em relação a dezembro para encher a sacola da feira. A chuva é apontada como a grande vilã. "Antes comprava tudo com R$ 20, agora, o custo dobrou. Ainda ficam faltando algumas coisas", reclama a dona de casa Cibele Fernandes.

Além das verduras - que puxaram a alta de 0,83% dos hortifruti em janeiro em São Paulo, segundo pesquisa da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) -, a laranja e o melão também aumentaram. "A laranja subiu no fim de 2009 e não baixou mais. A melancia segue o mesmo caminho devido às enchentes", revela a produtora de eventos Yoko Iwashita. "A qualidade está ruim e o preço alto. Antes, com R$ 30 eu fazia a feira, agora, preciso de, no mínimo, R$ 50", diz.

A dona de casa Eliete Aparecida Raposo, assim como as outras consumidoras, precisou colocar mais R$ 20 para garantir a compra da semana. "Está assim desde dezembro. As verduras são as mais caras, mas temos de adquirir."

Apesar da reclamação dos clientes, o feirante Joelmir Silva avalia que os vendedores de frutas não tiveram tanto prejuízo quanto os de verduras e legumes. "Nosso problema é que com o solo encharcado, os produtores estão com dificuldades para iniciar a produção. As frutas que agora estão em entressafra devem ficar um pouco mais caras", avalia.

Entre os produtos que devem ter novos aumentos pela dificuldade na plantação, ele aponta o morango, uva, caqui e tangerina. "A laranja também teve grande alta, mas tem saído porque as pessoas tomam muito suco no calor."

VERDURAS - As verduras ainda seguem mais caras nas feiras da região, mas os preços não tiveram alterações nesta semana. "Seguramos um pouco porque a qualidade caiu demais, mas está difícil para os feirantes. Poucos produtores ainda têm itens e, com o aumento da procura, sobem preços, não há muito o que fazer", atesta o feirante Dan Kuroki.

Segundo ele, a caixa com dez cabeças de repolho - produto que mais subiu em janeiro, com variação de 82% - custa R$ 25, contra os R$ 10 que eram cobrados até dezembro. "Com a alface ruim, o repolho acaba saindo mais. Mesmo com valores mais elevados, o consumidor leva, porque está calor e come mais salada."

Para tentar economizar, a funcionária pública Josivânia Nunes optou por ir às compras no fim da feira. "A qualidade das verduras está muito ruim, mas pelo menos consigo preços menores", pontua.

Preços seguem altos até fim da primeira quinzena de março

O economista da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), Flávio Godas, avalia que as constantes chuvas que afligem São Paulo vão deixar os preços dos hortifruti altos até a primeira quinzena de março. "O solo está encharcado e não permite a plantação. É necessário a chuva parar para que produtores voltem a produzir. Isso deve demorar, no mínimo, mais 30 dias."

Com a dificuldade no plantio, o economista aposta que as hortaliças - que tiveram as maiores elevações nos preços - devem aumentar ainda mais. "Se não há colheita, podemos esperar que verduras, principalmente alface e repolho, fiquem ainda mais caras até meados de março", diz.

Os legumes que atualmente são opção de compra das donas de casa também devem sofrer elevação em breve, segundo Godas. "A tendência é de alta, porque os mais sensíveis como o chuchu, abobrinha, vagem também são prejudicados com a chuva muito prolongada. Então, a alta será geral", pontua o economista.

A entressafra das frutas também deve dificultar a vida dos consumidores. "Maracujá, laranja e tangerina estão na entressafra, então, os preços estão mais salgados", conclui.