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'Salve Geral' no jogo do Oscar

Longa mostra ataques do PCC que pararam São Paulo; filme é dirigido por Sérgio Rezende e estréia dia 2

Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
22/09/2009 | 07:00
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Pré-candidato ao Oscar de filme estrangeiro, o diretor Sérgio Rezende não titubeia. "Vamos ganhar, pô". A frase, dita na entrevista coletiva de "Salve Geral", arrancou gargalhadas dos presentes. Não, o carioca não teve um surto megalomaníaco. "O Oscar é uma quimera, um sonho. Não sei o que é isso, nunca fui a Los Angeles... E são mais de 150 países na disputa. Mas vamos jogar o jogo, estou de meião, já", compara.

O longa-metragem estreia dia 2 sob essa responsabilidade e também com o peso de contar uma história tão conhecida pelos moradores da Região Metropolitana - o fim de semana do Dia das Mães de 2006 em que o PCC (Primeiro Comando da Capital) orquestrou o caos. Somadas a rebeliões nos presídios, foram ataques a delegacias, bancos, ônibus e lojas. Cerca de 200 pessoas morreram, entre policiais, civis e integrantes da facção criminosa.

Os acontecimentos reais são mesclados ao drama da professora de piano Lúcia (Andréa Beltrão). Poucos dias depois de se mudar para a periferia paulistana, o filho Rafael (Lee Thalor) se envolve na morte de uma garota. A luta da mãe para tirar o filho da cadeia a faz, pouco a pouco, cúmplice dos bandidos. "Ela age com uma precisão cirúrgica, pois qualquer deslize pode fazer com que perca o filho para sempre", resume Andréa.

Rezende começou a pensar o roteiro há exatos três anos, pouco tempo depois de lançar Zuzu Angel, seu filme anterior. "O que me espantou nas pesquisas foi justamente perceber o papel das mulheres no crime organizado. Eu tinha essa ideia romântica, de que as mulheres no crime eram amantes, que recebiam os presentes apenas. E fui vendo que não, elas têm papel de liderança", relata o cineasta.

Como contraponto ao personagem de Andréa, Rezende criou Ruiva, uma advogada de porta de cadeia que lidera as operações do "partido" fora das penitenciárias. Denise Weinberg, que colaborou na seleção de elenco e faria um personagem menor, acabou ganhando o papel. É ela quem arrasta Lúcia para os bastidores da organização. "A Ruiva é um personagem que é um escândalo de bom. Para criá-la, eu acreditei nas verdades dela: de que se o governo não fazia nada pelos presidiários e suas famílias, ela faria ", relata.

Veterana dos palcos - foi uma das fundadoras do Grupo Tapa - ,Denise foi incumbida de apresentar a Rezende uma turma bastante atuante na cena teatral paulistana. Entre eles o goiano Thalor, integrante há cinco anos da trupe de Antunes Filho. "O filme deve loucamente a São Paulo. Os atores me ajudaram muito, é uma coisa de vida dedicada à arte pura e simplesmente", ressalta o cineasta.




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