Os funcionários da empresa que presta serviço à Prefeitura
de Santo André fizeram paralisação por falta de pagamento
Vans escolares que pertencem à empresa Transnacional e prestam serviço à Prefeitura de Santo André estão sucateadas. Os veículos fazem o transporte diário de 430 crianças.
A denúncia foi feita por motoristas da empresa e constatada pela equipe do Diário. Ontem, condutores e monitores (que coordenam o embarque e desembarque dos estudantes) entraram em greve por falta de pagamento do salário referente a fevereiro.
Os funcionários temem que acidentes aconteçam devido à precariedade dos veículos. A motorista Marcia Moraes, 41 anos, mostrou à equipe de reportagem alguns dos problemas da van dirigida por ela. "O pneu está careca, o freio de mão está quebrado, tenho que segurar no pedal e o elevador de acesso a cadeirantes também não está nivelado."
O condutor Valter Rodrigues, 57, também elencou as avarias. "A trava da porta está quebrada e um dos cintos também não destrava mais", apontou. EMForam flagrados ainda pedaços de madeira escorados na parte de trás de uma das vans para impedir a abertura da porta. Em outra perua, um pneu de estepe encontrava-se jogado atrás do banco usado pelas crianças.
Segundo a monitora Luciana Gonçalves, 38, a empresa Transnacional não possui mecânico encarregado da manutenção dos veículos. "Temos um motorista que entende um pouco do assunto e ajuda no que é possível. Não há a troca de pneus e peças, os itens apenas são remanejados", afirmou.
A empresa Transnacional presta serviço à Cobrate (Cooperativa Brasileira de Transporte), contratada pela Prefeitura para executar o Educatrans (Programa Municipal de Transporte Escolar Gratuito).
De acordo com a Prefeitura, o transporte feito por 16 vans atende diariamente 430 alunos, sendo 300 das regiões de Paranapiacaba e Parque Andreense, 60 estudantes portadores de deficiência e 70 crianças do Lar Escola São Francisco.
A prioridade é para alunos cadeirantes, sendo a distância da moradia e a condição socioeconômica da criança os critérios de escolha para as vagas oferecidas.
A Prefeitura informou ainda que a manutenção e reparo dos veículos são de responsabilidade da empresa e que já exigiu a melhoria dos carros, conforme prevê o contrato assinado entre as partes.
Segundo dados do Portal Transparência da Prefeitura de Santo André, no ano passado o município desembolsou cerca de R$ 3 milhões à Cobrate.
GREVE
Ontem, devido à greve dos motoristas e monitores, centenas de crianças deixaram de ir à escola. É o caso do filho de Wagner Therencio Alves, pai de aluno deficiente. Ele lamentou a paralisação do transporte, mas evidenciou o mau estado de conservação dos carros utilizados. "Se ocorrer um acidente, quem é que vai se responsabilizar?", questionou.
Segundo os funcionários da Transnacional, a empresa alegou que a Prefeitura não realizou o pagamento, e por isso não havia recursos para honrar os salários."Tomamos a decisão de parar porque temos família e contas para pagar. A empresa prometeu pagar na quarta-feira, mas não aconteceu", justificou Luciana.
Procurados, os responsáveis pela Transnacional não quiseram dar entrevista.
Contatada, a administração prometeu regularizar a situação referente às parcelas em atraso, dos meses de janeiro e fevereiro. Informou ainda que o retorno do transporte escolar foi garantido pelos funcionários da Transnacional.
Na segunda-feira, o sindicato que representa a categoria fará reunião para determinar a situação das vans. "Ou a empresa dá condições de segurança aos trabalhadores e alunos ou será tirada do mercado", enfatizou Cicera Carlos da Silva, presidente do Sindicato de Trabalhadores de Autoescola, Despachantes e Transporte Escolar do ABC.
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