Política Titulo Trânsito
Pinheiro planeja rua
paralela à Av.Goiás

O objetivo do prefeito de São Caetano é destravar o fluxo
da via, que recebe cerca de 100 mil veículos todos os dias

Por Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
01/03/2013 | 07:00
Compartilhar notícia


O prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB), revelou dois projetos de impacto na cidade, em entrevista exclusiva ao Diário. O peemedebista quer a construção de uma via paralela à linha de trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) para destravar o tráfego da problemática Avenida Goiás, que recebe cerca de 100 mil veículos diariamente. Para isso, o Paço vai contratar uma empresa para elaborar projeto técnico e começar articulação com a GM - a automobilística teria de ceder parte de seu terreno. A segunda pauta é a de transformar o Hospital São Caetano, que atualmente funciona apenas como ambulatório, em uma unidade de referência na região, com atendimentos complexos. Além dos projetos, Pinheiro disse ter enterrado o polêmico assunto da dívida da cidade que, segundo o Paço, é de R$ 264,5 milhões. Ele não fala mais sobre o assunto, que está nas mãos da Justiça. E mira o governo federal para realizar seus projetos estruturais. Na área de Mobilidade Urbana, o Palácio da Cerâmica vai tentar viabilizar ações via PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Na área da Saúde, a administração prepara proposta nos moldes do Hospital de Clínicas em construção em São Bernardo, para que a União auxilie na compra de equipamentos e no custeio total do Hospital São Caetano. O prefeito também revelou que está fechando o cerco à verticalização. Por meio de aumento da outorga onerosa, medida de compensação das construtoras, Pinheiro pretende dificultar a aprovação de novos alvarás para construção de prédios no município.

 

 

DIÁRIO - Durante esses dois meses da sua gestão, muito se falou em dívidas. Qual é o planejamento do Paço para começar a investir na cidade e tirar suas propostas do papel?

PAULO PINHEIRO - Logicamente a gente fala da dívida porque cada governo deixa deficit para o sucessor. Mas essa dívida foi mais do que a gente esperava e dificultou. São R$ 264,5 milhões de restos a pagar. A gente está pensando em investir logo. Estamos pleiteando, enquanto saldamos parte da dívida, junto aos governos estadual e federal, para que melhore a condição de vida da cidade. O governo federal pode nos ajudar na área da Saúde, infraestrutura e Mobilidade Urbana. Vamos fazer projetos para tingir essa nossa pretensão. Nesta semana veio o secretário do Ministério do Esporte para fazer vistorias e já resolver os problemas da área. Inclusive, detectou onde poderia investir. Ele gostou muito do clube São José, porque lá tem um convênio em participação com a Prefeitura para que ali seja o local de treinamento para atletas de alto rendimento. Falou que na Europa é difícil ter um centro como aquele. Fico lisonjeado por isso, mas tinha dentro desse mesmo clube São José uma área que queria dar uma melhorada. Vai revitalizar a piscina ou fazer área de treinamentos. Piscina olímpica tem um fosso que precisa ser melhorado. Salto ornamental está desativado e ele vai procurar consertar para, realmente, podermos usar. O secretário de Finanças vai avaliar.

 

DIÁRIO - Quais são os projetos e quando o sr. vai apresentar ao governo federal?

PINHEIRO - Tenho a intenção de reativar o Hospital São Caetano em sua totalidade. Tudo vai ser feito via governo federal, porque não temos condição financeira de equipar. Além disso, quero ajuda no custeio. Logicamente, quando aumenta o volume de atendimento o SUS (Sistema Único de Saúde) vai dar a contrapartida proporcional. Queremos fazer algo semelhante ao que está sendo feito em São Bernardo com o Hospital de Clínicas. Nós estamos correndo atrás. É o principal pleito, porque a cidade precisa de leitos. Muitos casos são encaminhados para fora, porque não temos estrutura. O Hospital São Caetano terá cerca de 300 leitos.

 

DIÁRIO - O sr. já tratou o assunto com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha?

PINHEIRO - Eu estava conversando com o presidente estadual do PMDB, (deputado estadual) Baleia Rossi, e ele manifestou a vontade de marcar uma audiência com o Padilha, ou de ele vir aqui na cidade para que nós pudéssemos dar essas sugestões e que ele mande recursos para nós. E também para ele vir sentir as necessidades da cidade, isso é o mais importante. Estamos nessa condição de marcar audiência. Tem a UPA (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas) do bairro Mauá em construção, mas só ela não resolve o problema de Saúde da cidade. O que resolve é um hospital que dê essa retaguarda. Tem muita gente que fica lá no Hospital de Emergência esperando vaga para em leitos, que atualmente ficam no Hospital Maria Braido. Queremos uma condição melhor de atender os pacientes na cidade ao invés de mandar para fora. E o Hospital São Caetano tem as melhores condições. Hoje é só atendimento ambulatorial, temos que ativar todos os andares com leitos, UTI, cirurgias, colocar a unidade coronariana no hospital para ser referência na região. Seria um hospital municipal com recurso federal. Hoje, a Prefeitura aluga o prédio do Hospital São Caetano, acho que são R$ 10 mil por mês. Equipando todo o hospital através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e melhorar o serviço da cidade. A Prefeitura está com o departamento jurídico tentando resolver a forma de adquirir esse prédio. Não quero usar só o primeiro andar e o térreo, quero todos.

 

DIÁRIO - O sr. tem ideia de quanto isso vai custar?

PINHEIRO - Tudo depende do serviço que a gente vai implantar no hospital. Quanto mais qualidade tiver, o valor de custeio vai aumentar. Por isso que a gente tem que avaliar tudo, tenho equipes técnicas avaliando cada setor. Quanto vai despender de verba. Implantar o planejamento neste ano é inviável, até porque demora mais de um ano para chegar recursos via projetos do governo federal. A minha intenção é ativar o mais rápido possível. Quando formos começar a mudança, o ambulatório terá de sair de lá. Não podemos diminuir o espaço, temos que manter ou ampliar, tirar nunca. Se tiver a reforma, vamos tirar o serviço momentaneamente para a equipe trabalhar tranquila.

 

DIÁRIO - Qual é o grande projeto do sr. para a Mobilidade Urbana que poderia destravar a Avenida Goiás?

PINHEIRO - Em curto prazo, estamos discutindo propostas regionais no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. A questão semafórica é a principal. Estamos com um projeto para integrar a rede e resolver isso. Talvez neste ano já modifique alguma coisa. O quanto antes melhorar a vida do motorista da região é melhor. A Goiás é um caso com solução complicada, mas que a gente vai ter uma alternativa. Estamos pensando em fazer uma avenida paralela à via férrea (linha da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). A entrada seria ao lado do Corpo de Bombeiros, próximo ao encontro da Avenida Kennedy com a Avenida Goiás. A via vai seguir paralela até a Avenida Guido Alibert. A maioria do trânsito ali é de quem saí de Santo André e vai para São Paulo. Com esse novo trajeto o tráfego local seria preservado. Temos que conversar com a GM, porque a via vai passar em uma parte da fábrica. Vou buscar recurso federal para isso. O projeto é demorado, mas durante o meu governo vou tentar implantar. Neste ano vou contratar estudo para analisar o que pode ser feito. Para ligar a nova via à malha viária, tenho algumas opções. Já mandei projeto de um viaduto que sai da Avenida Kennedy até a Avenida dos Estados via PAC 2. Tenho em mãos a maquete de uma cidade europeia que rebaixou a linha férrea e fez uma via por cima, ficou uma beleza. Mas isso é uma tratativa com a CPTM. Estacionamento é outra coisa que a gente tem que pensar. Porque não tem mais onde deixar carros. Os prédios que foram construídos têm duas vagas, a família deixa dois na garagem e dois na rua.

 

 

DIÁRIO - Como está a promessa de frear a verticalização?

PINHEIRO - O freio foi feito pela outorga onerosa. A empreiteira tem que dar contrapartida para a cidade, melhorar a mobilidade entre outras coisas. Cada morador que vem para a cidade vem com um carro e gera um gasto a mais. Vou incentivar construção de prédios que contribuam com a arrecadação da cidade, tipo os que terão empresas de serviço. Hoje, edifício residencial dá prejuízo. Gastamos mais com aquela família de quatro pessoas do que arrecadamos com o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Se vierem pedidos de alvará para novos empreendimentos, a gente vai segurar. Não precisa de uma lei, vamos fazer exigências a mais como outorga onerosa para dificultar a nova construção. A incidência de pedidos vai diminuir. Queremos retomar a qualidade de vida na cidade. Se fizerem esses novos 110 prédios que têm projetos aprovados, vai piorar a qualidade de vida.

 

DIÁRIO - O sr. já encontrou o espaço ideal para implantar o programa Minha Casa, Minha Vida?

PINHEIRO - Não tenho esperança de a Cetesb liberar o Espaço Matarazzo. Por isso estou mapeando a cidade e identificando as áreas que podem ser beneficiadas com esse programa. Para que a gente possa, através da Caixa Econômica Federal, fazer esse programa habitacional, vamos fazer um projeto. Ele deve ficar mais para o ano que vem. Mesmo com o interesse da Caixa em fazer, o recurso demora um ano e pouco para chegar. Talvez não seja nem o ano que vem.

 

DIÁRIO - A relação do sr. com a Câmara tem exposto independência entre os poderes. Pretende definir uma bancada governista?

PINHEIRO - É o bom-senso. É uma Câmara que diz que quer me ajudar, o governo e a cidade. Então está com o prefeito.

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;