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Barato sim, pelado não

Nissan mostra que entendeu segmento de hacthes de entrada brasileiro com o March 1.0

Por Lukas Kenji
Especial para o Diário
02/01/2013 | 07:00
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O March foi lançado pela Nissan em outubro de 2011 com a missão de ser o primeiro popular japonês a desembarcar no Brasil. Mais que isso, levou nas costas a responsabilidade de ser o porta-voz do projeto de massificar a montadora em terras tupiniquins. Com apelo carismático, desempenho agradável e boa dose de economia, o modelo mostrou ser opção interessante no segmento de entrada.

O March é a prova real de que a Nissan entendeu bem o que o consumidor brasileiro busca neste tipo de veículo: preço baixo, conforto e mimos que fujam do básico. Exemplo disso é seu manejo gostoso, fruto da direção elétrica - de série desde a versão 1.0 S, avaliada pelo Diário - até então uma utopia em carros populares.

Aliás, a manobrabilidade é o ponto forte do modelo, que tem câmbio manual de cinco marchas, este, com engates suaves e precisos. A relação entre elas é curta - ideal para cenários urbanos.

O conforto também merece destaque, mérito do conjunto de suspensões, muito bem acertado.

A bordo do pequeno japonês (vale lembrar que o modelo vendido aqui vem do México), é difícil ouvir expressões como: "Ai, que carro apertado!". Afinal, são 2,45 metros de entre-eixos, espaço que garante viagens livres de estresse.

Elogios também para a ergonomia, que tem ajuste de altura para o banco do motorista. Este é apenas um dos (vários) itens de série da configuração 1.0 S, que ainda traz air bag duplo, ar-condicionado e trio elétrico. Mas se você gosta de dirigir ouvindo um sonzinho vai ter que adquirir o rádio por fora, afinal, o item sequer é opcional no modelo. Aliás, o único incremento que pode ser adicionado é o conjunto de rodas de liga leve aro15.

Sim, o design do March é um tanto quanto feminino, uma verdadeira miniatura em tamanho real.

Seu estilo é tão dócil quanto seu motor 1.0 16V, que entrega torque adequado em rotações relativamente altas - máximo de 10 mkgf disponível a apenas 4.350 rpm.

Deve-se levar em consideração, no entanto, que a performance não é desastrosa quando se fala de um hatch pequeno. A potência proporcionada pelo bloco bicombustível é de 74 cv (a 5.850 giros), tanto com gasolina, quanto com etanol no tanque.

Saindo por R$ 30.990, o March 1.0 S fica ainda mais competitivo. Mais R$ 800 podem sair da conta se for incluso o jogo de rodas aro 15.

 

March poderia vender (muito) mais

 

Na época de seu lançamento (em outubro de 2011), a expectativa da Nissan era emplacar de 5.000 a 10 mil unidades do March por mês. Não chegou perto da meta. Em 2012, o hatch manteve vendas mensais na casa de 3.000 unidades, de acordo com dados da Fenabrave (Federação nacional da Distribuição de Veículos Automotores). No entanto, a montadora japonesa ficou em uma sinuca de bico quando o governo federal anunciou a implementação do regime Inovar-Auto, que incentiva as montadoras a fabricarem carros no País em vez de importar - o March vem do México.

Com grande volume de pedidos e poucos veículos nas concessionárias, o consumidor chegou a encarar três meses de fila de espera pelo hatch, ou seja, um dos fatores que lhe impediram de melhorar a sexta posição alcançada no segmento.

Alavancar neste ranking é totalmente possível e a Nissan sabe disso. Antes do lançamento do March, a montadora tinha 1,7% de participação de mercado, número que subiu para atuais 3,07%. O ritmo das obras da planta de Resende (RJ) até aumentou. Ela deverá produzir 160 mil unidades do compacto, que poderá cada vez mais incomodar hatches consolidados no mercado, como Fiat Uno e VW Gol.




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