Setecidades Titulo Técnica
O carinho de quem
dedica a vida pelo filho

Método Canguru também é indicado aos homens e garante
o fortalecimento do vínculo afetivo com o filho prematuro

Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
12/08/2012 | 07:00
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Não são só as mães que protagonizam momentos íntimos com os bebês após o parto. Os pais têm sua vez e a importância é equivalente - especialmente no caso de crianças prematuras. Cada vez mais os pais, que comemoram hoje o seu dia, tomam a iniciativa de partilhar com as mães as dificuldades, emoções e obrigações vivenciadas nos primeiros meses de vida das crianças.

Abaixo do peso e pequeninos, recém-nascidos com menos de 39 semanas necessitam de cuidados especiais. E, dependendo do estado de saúde, não é preciso somente isolar o bebê integralmente em uma incubadora de hospital. Aliás, essa é a opção mais aterrorizante para os pais (e mães). Técnicas como o Método Canguru, comumente utilizado pelas genitoras, já fazem parte da realidade dos pais mais corujas.

Colocado em posição vertical no contato pele a pele, o bebê mantém níveis adequados de temperatura, fica mais protegido contra infecções, fortalece o vínculo afetivo e tem reduzido o tempo de permanência no hospital.

Anderson Felix Gomes, 30 anos, capricha no sorriso quando está na companhia do filho Jorge Phellipe, de quem - literalmente - não desgruda há dois meses. A criança nasceu prematuramente com 900 gramas e na vigésima sétima semana de gestação (sete meses e meio). O parto foi realizado no HMU (Hospital Municipal Universitário), em São Bernardo. "Ele cabia na palma da minha mão. Só os braços e pernas ficavam para fora", lembra.

O metalúrgico que mora no bairro Taboão participou de todo o pré-natal e esteve no hospital nos 76 dias em que a criança ficou internada. Em cursos ministrados às gestantes e estendido aos pais, enfermeiros do hospital ensinaram técnicas que, até então, Gomes nem sabia que existiam. Ele também desconhecia o Método Canguru até o nascimento do filho. "Tomei um susto. Não esperava. Mas aprendi a ter paciência e agradecer por cada dia de vida dele. Não vejo a hora de voltar para casa. Quando estou de folga passo 24 horas colado a ele. Viciei", diz o metalúrgico, que admitiu ter faltado ao trabalho algumas vezes para acompanhar a mulher às consultas. "Esse, sem dúvida, será meu melhor Dia dos Pais", disse.

A técnica vai além de um gesto carinhoso. Os reflexos podem ser sentidos durante toda a vida. "Gera estabilidade emocional e vínculo com a família. Além disso, colabora com a redução da taxa de mortalidade infantil", explica a gerente de enfermagem do hospital, Selma Maria da Costa.

A casa da família de Anderson foi parcialmente adaptada. Almofadas e bolsas específicas servem para apoiar os braços durante as noites. E o pai garante que não é desconfortável. "Se eu pudesse, até amamentaria." A técnica é revezada com a esposa, mas é preciso ter jeito para convencê-lo a soltar o filho. "É uma briga. Só fica longe quando está no banho", completa a mãe, Amanda Elizabeth, 28, que não esconde o orgulho da vocação do marido.

O bebê agora está com dois quilos. A recomendação é que crianças prematuras sejam estimuladas pelo Método Canguru até alcançar dois quilos e meio.

LAÇOS - E até quem não precisa utilizar a técnica para cadenciar o desenvolvimento da criança acaba se rendendo ao método. É o caso do segurança Vagner Pereira de Castro, 38, que assistiu ao parto do filho há 24 dias no mesmo hospital de São Bernardo. Junto com a mulher, aprendeu as técnicas do método e admite que assumiu a posição por instinto de amor paterno. "Ele tem quatro quilos, mas não pesa não. É muito gostoso e ele sempre relaxa. Todos os pais deveriam ter a chance de passar por esse momento."

 




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