Setecidades Titulo Saúde
Moradores da Capital são a
maioria no PS de S.Caetano

Secretário de Saúde solicitou ao Estado mudanças
no sistema de transferência de pacientes do SUS

Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
30/03/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Das cerca de 900 pessoas que passam diariamente pelo PS (Pronto-Socorro) do Hospital Municipal de Emergências Albert Sabin, em São Caetano, em média 470, ou 52%, são moradoras da Capital. O serviço, no bairro Santa Paula, é o único que atende urgências e emergências pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no município.

Os dados foram divulgados pelo secretário de Saúde, Mário Chekin. Segundo ele, a situação gera transtornos à cidade. Isso porque, em caso de atendimentos de alta complexidade, o PS não está autorizado a encaminhá-las para hospitais da Capital. “No programa do Centro de Referenciamento do Estado, onde são listadas as vagas disponíveis para encaminhamentos, só temos a opção de mandar esses pacientes para as unidades estaduais Mário Covas, em Santo André, ou Serraria, em Diadema, que deveriam ser utilizadas preferencialmente por quem vive na região.”

É essa realidade que Chekin pretende mudar. O secretário solicitou ao Estado para que possa encaminhar esses pacientes para hospitais e unidades de Saúde, como AMEs (Ambulatórios de Especialidades Médicas) próximos a São Caetano, mas localizados na Capital, de onde eles vêm em busca de atendimento hospitalar. “Desta forma, sobrariam mais leitos para quem efetivamente mora na região e precisa do atendimento de alta complexidade proporcionado pelas unidades estaduais”, destaca.

O secretário enfatiza que não deixa de socorrer a população da Capital que procura a unidade, especialmente moradores da comunidade Heliopólis, na divisa com o município. “Mas temos de priorizar o atendimento do morador da cidade, principalmente enquanto não solucionarmos os gargalos da rede pública de Saúde”, explica.

Por enquanto, o Estado ainda não tem previsão sobre se e quando atenderá o pedido do secretário são-caetanense.

PLANO DIRETOR
O atendimento maciço de pacientes da Capital foi um dos problemas levantados pelo Plano Municipal de Saúde, debatido em reunião ordinária do Conselho Municipal de Saúde, na quarta-feira.

Chekin destaca que a ideia é apresentar no próximo mês o Plano Diretor da área, com metas a serem cumpridas até 2022. “É urgente a necessidade de readequar o atendimento ao rápido crescimento da população”, destaca. Segundo Chekin, de 2000 a 2013 aumentou em 15% o número de moradores do município. “Em 2000 tínhamos 68% dos munícipes com plano de saúde particular. Hoje são 40%, ou seja, mais da metade da população que vive atualmente em São Caetano depende da rede pública.”

O envelhecimento também é um fator preocupante. O secretário destaca que há hoje 3.260 pessoas acima dos 60 anos cadastradas na rede municipal, sendo que destes, em torno de 2.100 estão doentes. “É uma realidade que requer planejamento a longo prazo, porque ela tende a se intensificar. Hoje a longevidade no Brasil é de 78,3 anos, mas logo chegaremos ao patamar dos 80. Isso requer políticas públicas voltadas especificamente para este público”, prevê.


Hospital de retaguarda não avança

A proposta de transformar o Hospital São Caetano, também no bairro Santa Paula, em unidade de retaguarda regional ainda não saiu do papel. Discutido pela primeira vez em setembro, o plano depende de vontade política, na opinião de Chekin.

Conforme o líder da Pasta, a ideia é que Estado e União dividam o custeio, enquanto o hospital seria gerido pela Secretaria e pela FUABC (Fundação do ABC).

O prédio pertencia à Sociedade Beneficente Hospitalar São Caetano, que tinha dívidas de R$ 60 milhões e encerrou as atividades em agosto de 2010. Desde então, a Prefeitura buscava saída para manter o empreendimento.

Na ocasião, foi feito leilão para venda do complexo, avaliado pela Justiça em R$ 38,7 milhões. Não houve interessados na compra. Uma semana antes um morador da cidade havia dado entrada no processo de tombamento do edifício, o que impedia qualquer tipo de alteração na estrutura. Desta forma, a Prefeitura assumiu a unidade e a transformou em hospital público.

A discussão sobre a unidade de retaguarda foi promovida via Consórcio Intermunicipal, que vê no equipamento alternativa de desafogar leitos de pronto-socorros da região. Desde que foi reaberto pelo município no começo de 2012, o prédio de sete andares com 152 leitos está subutilizado.


Cirurgias e exames são gargalos

A reestruturação do atendimento prestado pela rede pública na cidade tem como objetivo resolver os principais gargalos do sistema: cirurgias de alta complexidade e exames de diagnóstico por imagem.

A respeito das cirurgias de alta complexidade, como angioplastias e procedimentos de cabeça e de fêmur, Chekin afirma que é preciso ampliar o atendimento, já que hoje quem necessita desse tipo de procedimento na cidade é encaminhado aos hospitais estaduais Mário Covas, em Santo André, e Serraria, em Diadema. “Somos reféns do Estado, que tem alta demanda, e muitas vezes a espera é prolongada.”

A atenção básica, que apresenta boa cobertura em São Caetano, também tem um gargalo: o diagnóstico por imagem. “Também é algo que precisamos resolver com urgência, pois muitas vezes o médico depende do resultado dos exames para definir o que o paciente tem e começar o tratamento. Essa pode ser a diferença entre a vida e a morte.”

O secretário ainda não tem estimativa de quanto custaria para mudar essa realidade, mas o dinheiro não virá apenas do município. A proposta é buscar recursos dos governos estadual e federal para ampliar a rede de atendimento de alta complexidade, de forma que o morador não precise sair da cidade para realizar cirurgias. “Perdemos 206 leitos particulares com o fechamento do Hospital São Caetano. Precisamos ampliar o número de vagas na rede municipal para atender a demanda”, afirma.
 




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