Setecidades Titulo Consciência Negra
Feriado é data para reflexão e luta social

Para integrantes do movimento negro, educação é caminho para futuro com dignidade

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
20/11/2013 | 07:00
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Andrea Iseki/DGABC


Uma data oportuna para reflexão e luta por uma sociedade mais justa. É dessa forma que as lideranças do movimento afro do Grande ABC encaram o Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado hoje. Na pauta de reivindicações, além de demandas constantes, como a necessidade de equiparar direitos na Educação, um novo tema chama atenção: o alto índice de assassinato de jovens negros no País.

Instituido pela lei 10.639, de 2003, a data foi escolhida porque coincide com a morte de Zumbi. O mito foi o último líder do quilombo dos Palmares, na época do Brasil Colônia, e lutou contra a escravidão dos negros. “Ao mesmo tempo em que olhamos para o passado e lembramos da luta vitoriosa de nosso ícone, compreendemos que não podemos perder de vista a necessidade de combater o racismo e buscar uma sociedade sem a exclusão dos negros”, destaca o líder do Movimento Negro Unificado do ABC e militante da Associação de Hip-hop Posse Hausa, Honerê Al-amin Oadq.

De acordo com o coordenador do Núcleo de Formação Cidadã da Metodista, Osvaldo de Oliveira Santos Júnior, a cada 25 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil. “Essa é uma pauta nova dos movimentos negros a partir de um quadro caótico”, destaca. Para Honerê, a sociedade negra enfrenta “genocídio de sua juventude”.

Pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgada ontem, mostra que uma herança das discriminações econômicas e raciais contra os afrodescendentes no Brasil é a letalidade violenta – para cada homicídio de não negro no Brasil, 2,4 negros são assassinados, em média.

EDUCAÇÃO

Outro gargalo apontado pelos líderes é a Educação. Na região, apenas 3% dos formados no Ensino Superior são negros. Dos cerca de 125,6 mil moradores negros entre as sete cidades, apenas 7.646 têm Ensino Superior completo.

“O que seria o grande caminho para que negros e brancos tenham condição de igualdade ainda é o principal nó”, aponta a professora do curso de História da Fundação Santo André Mônica Savieto.

Apesar da aprovação da Lei de Cotas (12.711) no ano passado, que obriga as universidades federais a destinarem 50% do total de vagas a estudantes oriundos de escolas públicas, os líderes consideram os avanços tímidos. “Nosso principal desafio é criar condições para que os negros possam ocupar lugar de destaque, seja em grandes empresas ou na política”, destaca o maestro João de Campos, do Movimento Negro de Santo André.

Segundo Honerê, a educação é fundamental para o crescimento do indivíduo. “Infelizmente os negros são minoria nas faculdades e maioria no encarceramento. Quanto maior a exclusão, mais viveremos processo de conflitos no País”, ressalta. 




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