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Viciados roubam, ameaçam e deixam população do Eldorado em pânico

Acampamento de usuários de drogas traz medo à rotina de moradores da divisa com a Capital

Por Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
23/09/2013 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Ruas vazias, portões e janelas trancados e sensação de insegurança. Desde fevereiro, assim vem sendo a rotina dos moradores do bairro Eldorado, em Diadema, após grupo de viciados em drogas montar acampamento em terreno na Avenida Alda, próximo à divisa com a Capital.

Atrás de dinheiro para comprar entorpecentes, os usuários não titubearam em começar a assaltar os vizinhos do local. “No começo, eles pediam moedas e notas a todo instante. Ficavam irritados quando negávamos, mas era só. Agora tudo mudou”, disse uma moradora do bairro, que preferiu não se identificar.

A cautela em fornecer o nome tem fundamento. Sem a vontade dos moradores em doar o dinheiro, os traficantes que atuam na região obrigaram os viciados a cometerem os crimes para que pudessem pagar as dívidas de drogas.

“A partir daí eles começaram a pular os muros, andar com facas, falar de forma intimidadora”, completou a moradora, que vive há mais de dez anos no local e que teve a casa invadida três vezes somente neste ano.

Segundo os munícipes, os crimes não têm horário certo. Podem acontecer em plena luz do dia. Luana (nome fictício), 24 anos, é direta na comparação. “Aqui virou uma cracolândia. Não temos mais liberdade. Eu fazia caminhada e desisti, pois já fui vítima deles”, afirmou.

O Diário esteve no local na quarta-feira, um dia após um viciado tentar invadir uma escola de Educação Infantil. João, 37, estava levando o filho para a aula quando viu o suspeito pular o muro. Ajudou a capturá-lo. Segundo ele, a cena é corriqueira. Todos os dias, enquanto sai no fim da tarde para passear com seu cachorro, leva um bastão de metal como companhia. “É para isso mesmo, dar na cabeça se vier encher o saco”, resumiu, rispidamente.

Em nota, a Polícia Militar diz que faz constantes operações no local por ser área de divisa. O delegado seccional de Diadema, Godofredo Bitencourt Filho, disse que não existem registros de ocorrências por parte dos moradores e pediu para que seja feita a denúncia para que a investigação se inicie.

Vencer o medo dos traficantes locais é a primeira barreira que Francisco, 57, espera que os vizinhos superem. Proprietário de um bar no bairro há sete anos, já teve R$ 5.000 em mercadorias furtados.

“Infelizmente, o que temos nas ruas deste bairro hoje é só ladrão. Estamos indignados e pagamos o preço do abandono por estarmos na divisa. Ninguém quer resolver nosso problema, só empurrá-lo”, disse.
 




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