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Uma história que entrou pra história

Para um corintiano, há quem diga que essa não é lá uma semana muito boa para se falar de futebol. Já eu afirmo que isso é bobagem

Carlos Ferrari
18/05/2011 | 00:00
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Para um corintiano, há quem diga que essa não é lá uma semana muito boa para se falar de futebol. Já eu afirmo que isso é bobagem, pois para quem é apaixonado pelo esporte, ganhar e perder são justificativas mais que suficientes para se ler, comentar, falar e falar repetidamente sobre o assunto até que ocorra o próximo jogo. Hoje, no entanto, não vou falar do meu time de coração. Quero falar de uma história de vida que, no dia 12, definitivamente entrou para a história do futebol.

Ser ídolo não é uma tarefa simples. Implica em transformar-se em espelho de milhões de crianças, meninos e meninas que, em muitos casos, se agarram a um exemplo de sucesso para buscar forças frente às dificuldades de vida aparentemente intransponíveis.

Para imortalizar seu nome no Museu do Futebol ele também, quando pequeno, elegeu seu ídolo. Era Careca, centroavante do São Paulo, do Nápole e da Seleção Brasileira. O garoto dizia que queria vir a São Paulo e um dia ser como ele. Sonho distante, em se tratando de uma criança pobre do interior do Mato Grosso, impossível para muitos que escutavam tal desejo e conheciam o ‘problema maior' do menino: catarata de nascença, inúmeras cirurgias e um descolamento de retina aos 9 anos de idade, condições que sinalizavam claramente uma cegueira total sem reversão.

Uma história de amor, felizmente não acaba assim, por causa de uma ‘dificuldade qualquer'. O menino Mizael e a bola se reencontraram rápido nas quadras do Instituto Padre Chico, escola para cegos localizada no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Foi amor ao primeiro gol. Daí rapidamente nasceram títulos e mais títulos que levaram o filho de dona Maria e seu João (in memoriam) a ser eleito, aos 20 anos de idade, o melhor jogador do mundo. Junto com a premiação veio também o campeonato mundial, depois o bicampeonato e a realização de mais um sonho com direito a bis: as medalhas paraolímpicas de 2004 e 2008.

Mizael venceu também fora das quadras. É advogado e vice-presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro. Prematuramente, o jovem com pouco mais de 30 anos abandonou a prática esportiva para se tornar protagonista na gestão.

No dia 12, Mizael se juntou a Garrincha, Rivellino, Leônidas da Silva e tantos outros imortais, por meio do lançamento de sua biografia em formato ilustrado. Trata-se da coleção Pequenos Craques, uma proposta de Paola Gentile que leva às crianças exemplos de ídolos que vão muito além da conquista de um título importante. O lançamento da obra não poderia ser em um lugar melhor, a festa aconteceu no Museu do Futebol. O ex-craque emocionou amigos, autoridades e familiares presentes ao evento no momento em que fez a doação de suas duas medalhas paraolímpicas para o espaço. Com certeza, a partir daquele dia, o Museu do Futebol passou a ter mais uma bela história a ser visitada e todos nós ganhamos um livro imperdível para presentear nossos filhos, primos e tantas outras crianças em busca de um ídolo para inspirar suas histórias.




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