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Crédito consignado cresce 109,7%
Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
26/08/2005 | 08:38
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O crédito consignado em folha de pagamento está em franca expansão. Nos últimos 12 meses, houve crescimento de 109,7% em empréstimos para trabalhadores dos setores público e privado de todo o país. O volume disponibilizado em julho último era de R$ 19,683 bilhões ante R$ 9,388 bilhões no mesmo mês do ano passado. Os dados fazem parte do relatório sobre Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro realizado pelo Banco Central e divulgado na última terça-feira.

No caso dos trabalhadores do setor público, entre os quais estão incluídos aposentados e pensionistas, o crescimento foi de 111,8%. Segundo a Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), o aumento foi impulsionado pelos empréstimos destinados a beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que já representam R$ 7,7 bilhões de todo o montante.

Mesmo com crescimento expressivo no setor público, o grande destaque é a expansão do crédito consignado para funcionários de empresas privadas. Na variação dos últimos 12 meses, a expansão foi de 96,4%. De acordo com o diretor de produtos de financiamento da Febraban, e diretor setorial de crédito do Bradesco, Osmar Roncolato Pinho, os empréstimos só não foram maiores devido à resistência de algumas empresas em adotar o sistema.

“O crescimento em relação aos trabalhadores privados é expressivo, porém a participação desse tipo de crédito ainda é muito pequena. Representa apenas 13% das operações consignadas, e tem muito espaço para crescer. Um dos motivos é que o processo é trabalhoso para a empresa, já que ela administra os empréstimos. É necessário verificar o valor a ser descontado de cada funcionário, e depois repassar para o banco”, explica Pinho. Já o aumento do crédito para o setor público, de acordo com o diretor, se deve à grande publicidade direcionada aos aposentados e pensionistas.

O crédito consignado em folha de pagamento para funcionários no regime CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) foi autorizado pela Lei 10.820, de dezembro de 2003. A medida possibilita acordo entre instituições bancárias e empresas, desde que a parcela descontada do empréstimo não ultrapasse 30% do rendimento do trabalhador. Já o crédito para beneficiários do INSS está em vigor desde maio do ano passado.

Para Pinho, a grande vantagem das operações consignadas é a taxa de juros. A média para o crédito com desconto na folha de pagamento é de 2% ao mês, enquanto os empréstimos pessoais têm taxas mensais de 5% em média. Além disso, os índices para o crédito consignado caíram 1% nos últimos 12 meses, enquanto no mercado em geral as taxas aumentaram 4,9% no mesmo período.

Na indústria de fibras têxteis e fios para pesca Mazzaferro, de São Bernardo, as operações consignadas começaram no início do ano passado. De acordo com a consultora de RH Regiane Assi Gavioli, a maior procura aconteceu no início das atividades, porém os funcionários continuam contratando empréstimos.

“A maioria contratou para quitar dívidas com taxas de juros mais altas. E os funcionários que tomam empréstimos agora continuam com essa mentalidade. Para eles é bom, já que a taxa é bem mais baixa. Para nós, existe a dificuldade operacional. É uma responsabilidade grande, acaba sendo desgastante, principalmente em casos de rescisão de contrato”, afirma a consultora.

Segundo Regiane, no caso de demissão, a empresa só pode descontar 30% das verbas rescisórias por conta do empréstimo consignado.

A preocupação de Mauro Miaguti, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, é com o endividamento dos funcionários. “Essa é uma modalidade em alta nas empresas, mas o grande boom foi quando a legislação permitiu as operações. O problema é que boa parte dos empregados não utiliza para quitar dívidas com juros mais altos, e acaba se endividando ainda mais.”




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