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Nós+20!

A pouco menos de uma semana do início da Rio+20...

Carlos Ferrari
06/06/2012 | 00:00
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A pouco menos de uma semana do início da Rio+20, pensei ser oportuno que pudéssemos fazer uma reflexão sobre como caminhamos nesses últimos 20 anos, no que se refere ao tripé da sustentabilidade, que norteará os debates nesta próxima conferência, realizada duas décadas depois da Eco 92. Primeiramente, é importante termos claro o que atualmente se entende por sustentabilidade e para tal resgato uma definição muito feliz do jornalista Joelmir Beting, diz ele: "Sustentabilidade é nossa capacidade de atender plenamente as necessidades humanas no presente, podendo garantir plenamente as necessidades humanas do futuro, a partir das análises dos erros cometidos nesse sentido, pela humanidade no passado".

A proposta da Rio+20, então, será debater com a presença de milhares de pessoas, dentre as quais mais de 100 chefes de Estado, como caminharmos para viver em um planeta sustentável, considerando as vertentes ambientais, econômicas e sociais. Enquanto o evento não começa, proponho que possamos aproveitar nosso encontro semanal para fazermos uma conversa, sobre como temos sido nós, de 92 até aqui. 

Em tese, penso que se a pergunta chegasse de bate-pronto, creio que a resposta deveria ser que, nós+20. Temos, na média, nos preparado para viver como cidadãos mais alinhados com este mundo novo. Contudo, é fato também que se fizermos uma análise mais detalhada, veremos que essa média anda bem justa, sendo fortemente tensionada pela incoerência entre nossos discursos e nossa prática cotidiana.

Comecemos a pensar sobre os aspectos ambientais. Se por um lado melhoramos nosso entendimento quanto à necessidade de cuidar do planeta, produzindo menos lixo, emitindo menos gases na atmosfera, cuidando sempre de nossos diversos recursos naturais, também devemos reconhecer que nosso nível de lixobilidade nunca esteve tão alto. Tive que inventar essa palavrinha para traduzir nosso enorme potencial de descarte, seja por conta dos eletroeletrônicos que não usamos mais, das embalagens cada vez mais sofisticadas e desnecessárias dos fast foods, ou em virtude dos infindáveis números de descartáveis, cada vez mais eleitos por nós como imprescindíveis no dia a dia.

Essa situação por si só já nos convida a pensar sobre que tipo de economia que queremos ter para nós, nossos filhos e netos. Governos do mundo todo buscam no crescimento do PIB a única resposta para os problemas de desenvolvimento. Recorrendo sempre a estratégia de estímulo ao consumo, indiscriminado, acabam criando para o planeta uma armadilha, que se traduz em uma simples equação de primeiro grau: solução é igual a problema, ou problema sem solução é igual à única solução possível. Felizmente, desde a Eco 92 o mundo tem encontrado verdadeiras luzes verdes no fim do túnel. Podemos celebrar iniciativas fantásticas, pautadas pelo crescimento sustentável. Pensar em movimentar a economia a partir da redistribuição de renda, além do estímulo a alternativas de consumo que privilegiem produtos e serviços concebidos na lógica do respeito ao meio ambiente. Esse cenário não é mais para nossa geração apenas um norte a ser seguido, ou seja, nesses últimos 20 anos, vimos o discurso da sustentabilidade se tornar a única alternativa possível para evoluirmos enquanto sociedade.

Assim, concluo afirmando que nós+20 não evoluímos tanto quanto deveríamos, em relação a nossas condutas com o meio ambiente. Também não adquirimos a consciência necessária para de fato termos de imediata uma economia alinhada com as necessidades do novo milênio. Mas, como a esperança é verde, o caminho está aberto e cheio de alternativas graças a um rearranjo de nossa sociedade, que nos permite vislumbrar num curto espaço de tempo a superação das questões econômicas e ambientais.




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