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Venda coletiva na região fideliza clientes
Por Soraia Abreu Pedrozo
do Diário do Grande ABC
06/02/2011 | 07:07
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A febre dos sites de compras coletivas, em um primeiro momento, não chega a oferecer lucro para os estabelecimentos participantes. O ganho na comercialização de produtos e serviços com descontos de até 75%, dizem os empresários, é na ampliação da carteira de clientes. Entre 15% e 20% dos que usufruem do cupom voltam ao local e consomem pagando valores integrais.

A proprietária do salão Studio Felina, de São Caetano, Elaine Cristina, gostou tanto de oferecer pacotes com descontos que já está na sua segunda promoção e prepara-se para oferecer a terceira. "Financeiramente empata. Não tenho lucro nem prejuízo. Mas só o fato de aumentar o número de clientes já vale a pena", diz.

Em sua primeira venda coletiva, em outubro, foram vendidos cerca de 100 cupons. Desses, foram utilizados 76 - os demais não se sabe se esqueceram de utilizar ou se perderam a data limite - e, até hoje, 15 já retornaram (19,7%). "Tinha uma profissional que ainda não era conhecida no salão e quis que ela fidelizasse as clientes. Também acabei contratando mais duas pessoas temporárias e, após o fim da promoção, efetivei uma delas."

A segunda venda coletiva ainda está vigente, portanto não dá para mensurar efetivamente o retorno. Porém, Elaine resolveu estender o prazo de uso do cupom de 60 para 90 dias dessa vez, a fim de evitar que pessoas percam o desconto.

Por enquanto, a empresária já percebeu que seu faturamento cresceu 15%. A meta é alcançar 30% ainda neste ano.

Outro estabelecimento que já está na segunda experiência em compras coletivas é a Pizzaria Tripoli, de Santo André. A diferença é que os dois anúncios foram feitos ao mesmo tempo, em sites diferentes. Foram vendidos 2.068 cupons e, desses, já foram utilizados, em apenas um mês de vigência, 946 (45%).

"Para evitar que a casa ficasse muito cheia e incomodasse os clientes cativos de sexta-feira e sábado, fizemos a promoção somente de domingo a quinta-feira e estendemos os dias trabalhados dos garçons extras, que só iam nos dias mais procurados para atender à nova demanda", explica o gerente da pizzaria, Marco Antonio Morettia.

Se antes o movimento de domingo a quinta-feira era de 60 clientes, em média, com a promoção chega a 90. "O lado bom é que aumenta bastante a frequência. Quando terminarem os prazos dessas vendas coletivas pretendemos fazer outra."

Na franquia do Bairro Jardim da academia Curves, que só atende mulheres, foi feita a venda coletiva de até três mensalidades com desconto. Foram comercializados, ao todo, 130 cupons.

Das 60 clientes que já utilizaram o serviço, dez (16,6%) fecharam o plano anual. "É um bom número. A justificativa da maior parte para não continuar foi a falta de dinheiro ou porque simplesmente quiseram só fazer por um período, durante as férias", conta a gerente Ligia Lemos Soares de Souza.

Ela explica que gostaria de entrar em mais uma promoção, mas a decisão não depende da unidade, e sim da matriz nacional. O desconto, entretanto, só é válido para novas alunas. "O ingresso de mais pessoas não prejudicou em nada o andamento da academia, e nem atrapalhou o treino das alunas que já estavam matriculadas. Mas também não é justo permitir que quem já utilizou o desconto o compre novamente."

Segundo a gerente, embora financeiramente não haja grande retorno, o principal é a divulgação.

 

Saiba o que fazer em caso de problemas com a compra

O primeiro passo ao ter algum problema com a utilização de um cupom de desconto é procurar conversar com o próprio estabelecimento. Não resolvendo, a saída é buscar o site de compras coletivas que realizou a venda.

Caso ambos se isentem da culpa, o especialista em Direito Digital do Patricia Peck Pinheiro Advogados, Victor Haikal, orienta que o cliente preste queixa em um órgão de defesa do consumidor ou busque auxílio de um advogado.

Podem ocorrer casos de mudanças de regras pós encerramento das vendas ou vendas acima da capacidade de comportar os clientes. "Os cuidados com a compra com desconto são os mesmos que temos de ter com as compras com valores integrais."

"Pelo código de defesa do consumidor a empresa não pode vender mais do que comporta e nem prometer algo que não consegue cumprir ao cliente". Nessas situações, Haikal conta que a chance de indenização pode chegar a 40 salários-mínimos.

Se um hotel vende tantos pacotes mas não consegue atender no período proposto, pode ser enquadrado no Juizado Especial Cível, antigo pequenas causas. Quem passar por situação semelhante pode buscar auxílio no fórum mais próximo, já que nesses casos o advogado é gratuito.

 

Aquisição de cupons exige cuidados

Imagine que você comprou um cupom de desconto e, no dia em que resolve utilizá-lo, percebe que o estabelecimento fechou suas portas.

Foi o que aconteceu com a professora Mariluci de Morais, que comprou dois cupons para ir ao restaurante Iá Cozinha Contemporânea, de Santo André. Os descontos tinham validade até o início de março.

Procurado pela reportagem do Diário, o site de compras coletivas Peixe Urbano em um primeiro momento não tinha conhecimento do encerramento das atividades do local. Depois retornou dizendo que todos os clientes que compraram o cupom e ainda não o usufruíram, receberiam um e-mail com instruções do estorno do dinheiro. Na mesma tarde, Mariluci o recebeu.

"Oferecemos as opções de devolução do valor pago pela promoção via PagSeguro (empresa faz as transações financeiras do site) por estorno no cartão de crédito ou débito na conta corrente ou ressarcimento em créditos no valor do cupom para uso no site", explica a diretora do Peixe Urbano, Letícia Leite.

Ela ressalta que situações desse tipo são raras, mas que, quando acontecem, o ideal é que o consumidor informe imediatamente o SAC (Sistema de Atendimento ao Consumidor) do site. "Temos menos de 1% de reclamação nas compras. A maioria dos contatos feitos é devido a dúvidas."

A vendedora Maria Cecilia Marques comprou dois cupons para ir ao bar La Revolución, em São Bernardo. Um estava em seu nome e, o outro, no nome de seu namorado. Chegando lá, foi informada de que não poderia utilizar os dois para pagar a conta, e que seria possível a utilização de apenas um por mesa.

O Peixe Urbano entrou em contato com a empresa, que disse que isso não ocorre, que deve ter sido falta de informação de algum funcionário. "Nós fazemos treinamento com cada um dos parceiros, já que o objetivo principal é fidelizar os clientes", diz Letícia. O site ofereceu o ressarcimento do cupom que não pôde ser utilizado na data.

Da mesma maneira, ela orienta o consumidor a sempre entrar em contato com o site em qualquer problema com o estabelecimento na prestação de serviço.




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