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Quebrando o segrego da dinâmica do “QI”

Indicações

Por Cíntia Bortotto
19/09/2011 | 00:00
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Certa vez, em uma das empresas em que trabalhava e que gerenciava, entre outras áreas, no departamento de seleção, precisávamos cumprir um Termo de Ajustamento de Conduta que a empresa tinha firmado com a Procuradoria do Trabalho sobre a contratação, capacitação e acompanhamento de Pessoas com Deficiência.

Por um bom tempo, o pessoal do RH tentou encontrar sozinho candidatos para preencher as vagas. Vendo que não conseguiria cumprir as cotas dentro do prazo, o departamento criou um programa chamado "Indique uma Pessoa com Deficiência para trabalhar conosco!". Quem indicasse alguém que fosse selecionado ganharia uma cesta de produtos e, se ficasse comprovado que a pessoa ficou na empresa por um ano, o indicador ganhava uma quantia em dinheiro. A campanha deu tão certo que a empresa cumpriu as metas e conseguiu melhorar sua relação com o acolhimento das diferenças.

Este foi um caso do chamado "QI", ou "quem indica", que aconteceu de maneira bastante positiva, ajudando tanto a empresa, quanto os empregados. Mas será que sempre é assim?

Algumas empresas não permitem preferências ou indicações nos processos seletivos. Já outras, acreditam que a indicação diminui a incidência de problemas com a futura contratação, pois o candidato assume um compromisso com a empresa e também com a pessoa que o indicou.

É recomendado permitir a indicação, mas deve-se fazer com que o indicado passe por todas as avaliações que o processo seletivo prevê, assim o selecionador tem a garantia de que a pessoa só será contratada se preencher os requisitos mínimos para a função.

O "QI" acontece na maioria das empresas. Nas em que o RH é mais profissionalizado, não basta o QI para a contratação. Nas que não têm um RH tão estruturado e profissionalizado por vezes acontece de simplesmente contratar. O risco é alto quando isso acontece, pois pode ser que o indicado seja excelente para a função e então não temos problemas, mas pode ser que a pessoa não reúna todos os requisitos e competências que precisaria. Daí, poderemos ter a equipe interna desmotivada com a contratação de alguém que não é compatível com a posição e, mais que isso, podemos ter como resultado uma pessoa que não produz o que deveria para a empresa.

O fato é que as pessoas têm vontade de ajudar outras que conhecem. Algumas têm discernimento de que a ajuda precisa também ser válida para a empresa; outras querem que sua indicação entre a qualquer custo. No primeiro caso, se a indicação é boa para a empresa não há porque o mercado ver de forma ruim, mas se a indicação não é boa, a credibilidade fica arranhada e as pessoas passam a se perguntar se querem fazer parte de uma empresa que pode, a qualquer momento, colocar alguém menos competente para gerenciar uma equipe por conta de ser uma indicação.

O "QI" pode ser muito positivo para a empresa, algumas delas até promovem a indicação. Os indicados passam pelas avaliações e, se passarem em todos os testes, quem indicou recebe algo em troca, isto é, se a pessoa ficar na empresa por um tempo mínimo. Mas, quando o indicado não passa por um crivo, este processo pode ser muito penoso para a organização.

Do ponto de vista do empregado, o QI faz com que se crie um clima mais familiar na organização. A pessoa se sente capaz de recomendar a empresa se estiver feliz nela e, mais que isso, cria-se a sensação de construção conjunta. Mas ele só se sente seguro se tiver a certeza de que um processo justo acontecerá para que as pessoas com conhecimentos, habilidades e competências mínimas sejam contratadas. O RH assume um papel fundamental de avaliar e ser justo com critérios claros de seleção.

Neste contexto, o networking é fundamental. Fazer com que as pessoas saibam que você está procurando um emprego ou novas oportunidades, que você aceita ajuda e indicação, é fundamental para quem quer se recolocar. Em empresas que aceitam indicação, muitas das vagas são fechadas com pessoas indicadas. E, mesmo em empresas que não aceitam, muitas vagas são fechadas pois alguém da empresa soube e avisou sua rede de contatos da vaga.

Assim, utilize sabiamente as redes sociais, falando particularmente com pessoas que podem lhe conduzir a uma recolocação em uma empresa que lhe interessa. Deixe as pessoas saberem que você está de olho no mercado, avise familiares, amigos... sempre tem alguém que conhece alguém que sabe de uma vaga ou até mesmo pode lhe indicar para ela. Utilize o networking ao seu favor, você se dará bem. Siga confiante e boa sorte!




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