A quem pertence o mandato político, ao parlamentar ou ao partido? Na próxima quarta-feira, o STF (Supremo Tribunal Federal) vai responder essa questão que envolve diretamente a fidelidade partidária e vem causando polêmica no Congresso Nacional.
A posição do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é de que o mandato é do partido. Nesse caso, o deputado que mudou de legenda, mesmo que para outra da mesma coligação, perde o mandato. O posicionamento do TSE veio em resposta à consulta feita pelo DEM e se aplica a mandatos obtidos pelo sistema proporcional, ou seja, na eleição de deputados estaduais, federais e vereadores.
A questão chegou ao Supremo com o pedido do PPS, PSDB e DEM para que os deputados que mudaram de sigla percam seus mandatos e sejam substituídos pelos suplentes no partido de origem.
Não é por acaso que as três siglas recorreram ao STF. Elas estão entre as que mais perderam bancada desde as últimas eleições, em outubro do ano passado. PPS, PSDB e DEM perderam, respectivamente, nove, oito e seis deputados, de acordo com o quadro de mudanças de partidos da Câmara, o que totalizam 23 parlamentares a menos nas bancadas.
O líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), argumenta que o mandato deve ser do partido baseado nos pré-requisitos constitucionais de que para ser parlamentar é obrigatória a filiação e para conquistar uma vaga o deputado ou vereador precisa do quociente eleitoral que é feito pelos votos de todos os membros no partido.
“Então, para que se obtenha uma cadeira na Câmara dos Deputados e Assembléias ou nas Câmaras de vereadores, é imprescindível estar em um partido e concorrer por um partido. Dessa forma, quando a pessoa vai embora, ela abre mão daquilo que lhe proporcionou o mandato, por isso que ele tem que perder o mandato e o mandato voltar para o partido”, afirmou Lorenzoni.
O líder do PR, legenda que mais recebeu parlamentares com o troca-troca (passou de 25 para 42), Luciano Castro (RR), questiona a iniciativa dos partidos que procuraram o STF. “Me estranha muito que partidos que estejam hoje exatamente provocando e mostrando sua indignação por troca partidária foram os mesmo que no passado estimulavam essas trocas. Hoje como estão se achando prejudicados mudaram de posição”.
O troca-troca acontece principalmente na Câmara dos Deputados. Desde outubro do ano passado, 54 deputados já mudaram de partido, de acordo com o quadro de mudança de partido da Câmara. Como no próximo dia 5 vence o prazo para mudança de legenda entre os que querem se candidatar às eleições municipais de 2008, as trocas podem se intensificar nos próximos dias.