A tradicional temporada dos prêmios Nobel terá início na segunda-feira com o anúncio do vencedor da categoria Medicina, enquanto as especulações não param a respeito do Prêmio Nobel da Paz, que pode ser concedido à luta contra o aquecimento global, e o de Literatura. Os membros dos distintos comitês do prêmio Nobel não se pronunciam antes dos anúncios, o que aumenta a boataria.

No total, 181 nomes individuais ou de organizações foram presenteados para o Prêmio da Paz, que será anunciado em Oslo, na Noruega, no dia 12 de outubro.

A batalha contra a mudança climática tem um impacto direto na paz do planeta, segundo os defensores desta opção para o Nobel. Os ativistas destacam que nenhum esforço humanitário será útil se os países pobres com acesso ao mar sofrerem as conseqüências do aumento do nível das águas, una das catastróficas previsões dos cientistas.

Dar o Nobel da Paz à luta contra o aquecimento global não seria nenhuma excentricidade para o comitê responsável pelo prêmio: no passado seus membros o concederam à prevenção de conflitos ou à luta contra a pobreza, por exemplo. Em 2006, a honra ficou com o inventor dos microcréditos para os pobres, o bengalês Muhammad Yunus.

O estudo das mudanças climáticos poderia merecer também um dos Prêmios Nobel de Ciências. "A química e a física atmosféricas e parte do trabalho para divulgar alguns dos mecanismos que implicam uma mudança climática são terrivelmente importantes e podem merecer perfeitamente um Nobel", explicou Donald Kennedy, editor dar revista americana Science.

Os americanos costumam dominar os prêmios de Ciências. No ano passado levaram todas as categorias: Medicina, Física, Química e Economia.

Para o Prêmio de Literatura existem todos os tipos de apostas, já que a Academia de Estocolmo tem o hábito de surpreender. Ano passado, a casa de apostas Ladbrokes acertou em cheio ao divulgar na internet o nome do turco Orhan Pamuk. O romancista e ensaísta italiano Claudio Magris lidera neste ano as apostas, com 5 a 1, seguido do poeta australiano Les Murray e do americano Philip Roth.

O mexicano Carlos Fuentes, o italiano Antonio Tabucchi e o israelense Amos Oz são outros nomes citados, assim como alguns menos conhecidos, como o poeta estoniano Jaan Kaplinski ou a francesa Maryse Conde.

Segundo Maria Schottenius, editora de cultura do jornal sueco de maior circulação, o Dagens Nyheter, os membros da Academia Nobel já perceberam o crescimento da concorrência em termos de valores financeiros, em particular do prêmio Man Booker. "O prestígio (do Nobel) caiu um pouco e eles têm que dar uma grande badalada", afirmou, apesar do Nobel de Literatura continuar como a premiação com o maior valor.

O Nobel de Medicina será anunciado em Estocolmo no dia 8 de outubro, seguido do Nobel de Física no dia 9, o de Química no dia 10, o da Paz no dia 12 (em Oslo) e o de Economia no dia 15. O de Literatura pode ser anunciado em 11 ou 18 de outubro.

Os prêmios começaram a ser concedidos em 1901, por iniciativa do sueco Alfred Nobel, inventor da dinamite, que morreu sem filhos em 1896 e que no fim da vida quis recompensar os esforzos científicos para "o maior benefício da humanidade". Além da medalha de ouro, cada Nobel vem acompanhado de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,53 milhão), que pode ser dividido no máximo por três pessoas por categoria.