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Exótica calopsita é pássaro da moda
Por Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
28/08/2005 | 08:01
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À primeira vista, o que chama atenção é o topete. Um chumaço de penas coloridas. Mas o que assegura à calopsita o status de animal de estimação é sua capacidade de interação. Tratado com carinho desde os primeiros dias de vida, o passarinho é capaz de dançar, cantar e até mesmo dizer frases curtas. Fora da gaiola, não desgruda do dono. Parece um papagaio de pirata, sempre empoleirada sobre os ombros.

"A minha é mais carinhosa comigo que meu cachorro", afirma a estudante Carol Mattos, 25 anos, que tem três calopsitas. A empatia entre ela e os pássaros é tanta que Carol resolveu encaminhar o quarto pássaro. Carol é uma das várias pessoas que aquecem o mercado de venda de calopsitas. O boom começou no ano passado e continua até hoje.

Flávia Santos, 42 anos, de São Bernardo, afirma vender por mês três calopsitas. Antes da onda do pássaro, as vendas eram esporádicas. "Não faço propaganda. O pessoal que me procura fica sabendo da minha criação no boca-a-boca", afirma Flávia, que mantém 37 calopsitas num viveiro montado no quintal de casa.

Aproveitando a boa maré, Flávia montou uma lojinha na internet voltada a amantes do pássaro. As vendas vão de toalhas de lavabo com a ilustração da calopsita (R$ 15) a brinquedos para divertir o passarinho dentro da gaiola (R$ 7, em média). "Faço isso porque sei que no mercado nem todos os produtos disponíveis são ideais para calopsitas. Tento preencher essa lacuna", afirma a empresária que não revela o lucro.

Mas quem quer ter uma calopsita não precisa recorrer necessariamente a criadores. Hoje, o passarinho pode ser encontrado em pet shops. O preço varia de acordo com as cores do animal e pode chegar a R$ 300. Os exemplares tradicionais são encontrados por R$ 30. Mas nem sempre foi assim. Paulo Franco, 50 anos, que cria calopsitas há 20, afirma que quando as primeiras aves chegaram ao Brasil - o pássaro é originário da Austrália - o preço girava em torno de R$ 3 mil.

A facilidade para reproduzi-la em cativeiro (ela é capaz de dar ninhada o ano inteiro) aumentou a oferta do animal no mercado e derrubou o seu preço, fato comemorado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). "Isso tira o foco do comércio de animais silvestres. Ao invés de tirar um papagaio da mata, a pessoa vai a um pet shop e compra uma calopsita", afirma o biólogo e analista ambiental do núcleo de fauna do Ibama, Vincent Kurt Lo.

Ao contrário de outras aves brincalhonas - como a arara, a maritaca, a gralha e os mainás -, a manutenção em cativeiro da calopsita é autorizada pelo Ibama. Mas para quem se dispõe a criar o pássaro deve tomar alguns cuidados. A primeira dica é não deixá-la exposta ao vento. A alimentação também deve ser balanceada para manter o animal saudável. Na natureza, a ave se alimenta basicamente de frutas, insetos e sementes. "Podemos fornecer uma alimentação que contenha frutas e verduras, além de uma mistura de cereais e sementes contendo milho, pinço, aveia, alpiste e semente de girassol", afirma Márcia Nishizawa, professora de veterinária da Metodista.

Diversão - Nem todas as 37 calopsitas da criadora de São Bernardo Flávia Santos têm nome. "Sou péssima quando o assunto é criatividade", justifica-se. Mas uma delas recebe tratamento vip. O pássaro foi agregado à coleção há um ano, doado por uma amiga. Nova casa, novo nome. A ave, que se chamava Zimdt (canela em alemão), passou a ser conhecida como Oh Fio. Basta cinco minutos ao seu lado para entender o motivo. A calopsita repete a expressão Oh Fio todo o tempo.

E quando está perto de Flávia, solta o verbo. Ao receber comida no bico, agradece dizendo "que gostoso". Ela canta também temas de filmes do personagem Indiana Jones.

As três calopsitas da estudante Carol Mattos, de São Caetano, não sabem cantar, mas imitam ruídos como ninguém. "Minha casa está em reforma e agora elas deram para imitar o barulho da serra elétrica", afirma.

A calopsita do comerciante Márcio Dias, 26 anos, é a atração de seu café, em Santo André. A ave costumava ficar solta em um jardim, que dá vista para as mesas do estabelecimento, mas deixou de freqüentar o local quando as penas de sua asa cresceram. "Tenho medo que ela voe", afirma. "Ela era a atração do lugar. Quando passei a deixá-la na gaiola, várias pessoas me perguntaram o que tinha acontecido."



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