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UTIs se modernizam e salvam mais bebês
Cristiane Bomfim
Do Diário do Grande ABC
10/03/2007 | 20:51
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Um a cada 10 bebês nascidos no Brasil passa por internações nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) neonatais. A especialização de hospitais e maternidades no atendimento a recém-nascidos aumentou em 68,58% a sobrevida dos bebês nos últimos 25 anos no Estado de São Paulo.

O avanço nas UTIs neonatais é recente. Foi no final da década de 1980 que hospitais e maternidades brasileiras começaram a investir pesado na saúde do recém-nascido. Iluminação e temperatura adequadas para não estressar os bebês. Conversas em volumes de voz baixos.

Equipamentos modernos e sofisticados. Quadro médico com direito a fisioterapeutas, fonoaudiólogos e até psicólogos – todos especializados em neonatologia. Não é frescura, garantem os médicos.

“Há cerca de 30 anos, as UTIs eram divididas apenas em adultas e infantis. Com o avanço da medicina, surgiu a necessidade de criar uma especializada em recém-nascidos. Eles (bebês) têm características e necessidades próprias”, explica Luiz Carlos Bueno Ferreira, pediatra e neonatologista do Hospital São Luiz, hospital em São Paulo que tem uma das UTIs mais bem equipadas do País.

Tão importante quanto estes itens é a presença dos pais nas salas de UTIs, que é bem-vinda e faz parte da filosofia de atendimento humanizado. De acordo com a chefe da UTI Neonatal do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, Maria Estér Jurfest Ceccon, este tipo de atendimento respeita a individualidade de cada bebê e família. “O mais importante é o bem-estar da criança e dos pais”, explica.

De gravidez de risco a surpresas na hora do parto. São muitos os motivos que podem fazer com que recém-nascidos precisem de atendimento nas UTIs. Os mais comuns são a prematuridade (bebês que nascem com idade gestacional inferior a 37 semanas, quando o ideal é de 40 semanas), baixo-peso (inferior a 1 kg – o peso considerado ideal para sair do hospital é cerca de 2kg), filhos de gestantes hipertensas, diabéticas e com fator RH negativo. “Recém-nascidos de mães muito jovens também precisam de cuidados extras”, explica Maria Éster.

É o caso de Michele dos Santos Zandoná, 18 anos. A gravidez veio de surpresa e os exames do pré-natal previam um parto tranqüilo. Seu filho, João Victor, nasceu com quase 3kg no último dia 26 e foi levado para a UTI Neonatal do Hospital Santa Joana, em São Paulo. “Na hora em que ele nasceu, os médicos diagnosticaram um problema respiratório”, contou Michele.

Enquanto ela amamentava João Victor, outras mães acompanhavam de perto o trabalho dos médicos e enfermeiras na sala da UTI. Algumas acariciavam os bebês dentro das incubadoras. É que muitos deles são muito prematuros e só poderão ser pegos nos braços e amamentados quando ganharem peso e maturidade cardíaca e pulmonar. “Bebês prematuros não nascem com todos os órgãos completamente formados”, explica Artur Dzik, ginecologista e diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.

A prematuridade é o que mais leva crianças à UTI. No Hospital Neomater, em São Bernardo, mais de 50% dos recém-nascidos atendidos na UTI nasceram antes de completar 37 semanas de gestação. Com a qualidade do serviço pré-natal e os avanços na neonatologia, o tratamento de bebês nestas condições ficou muito mais fácil. “Antes bebês com 24 semanas eram desenganados. Agora, têm grandes chances de sobreviver”, explica Roger Brock, chefe de neonatologia do Hospital Neomater. Gestações múltiplas são hoje as causas mais comuns do nascimento de bebês prematuros. “Na população geral, a taxa de nascimento de gêmeos, trigêmeos ou mais é menor que 1%. Quando falamos em fertilização, este número aumenta para 25%”, explica Artur Dzik.




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