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Brasil não bota medo em mais ninguém
Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
03/03/2020 | 00:01
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Foi-se o tempo em que um time brasileiro quando entrava em campo era respeitado e causava temor em adversários sul-americanos. Ano a ano, o empobrecimento do nosso futebol mudou esse panorama e a Copa Libertadores, que começa a fase de grupos amanhã, deve confirmar isso. Os times vizinhos evoluíram ao ponto de Inter, Santos e Athletico-PR iniciarem a competição continental como franco atiradores em suas chaves, São Paulo e Grêmio com um pouco mais de prestígio e apenas Flamengo e Palmeiras como verdadeiros protagonistas dos grupos.

O início da Copa Sul-Americana comprovou esta tese. O Brasil sofreu quatro eliminações – Fortaleza, Goiás, Atlético-MG e Fluminense – pela primeira vez na história, levando em consideração embates contra rivais sul-americanos – até 2017 as equipes brasileiras jogavam entre si nas fases iniciais. Ou seja, dos seis times nacionais que entraram na disputa, apenas dois – Vasco e Bahia – seguem no torneio. Nas fases eliminatórias da Libertadores, o Corinthians caiu frente ao modesto Guaraní, do Paraguai, e o Inter teve enorme trabalho para superar o poderosíssimo Tolima, da Colômbia. Pelo jeito, o prestígio dos representantes do único País pentacampeão mundial ficou no passado.

Isso é reflexo de muitos anos aplaudindo esquemas táticos pragmáticos e tendo neles novas referências. O Corinthians, de Tite e depois Fabio Carille, dominou o cenário com duas linhas de quatro jogadores bem posicionadas. O Palmeiras foi campeão em 2016 cruzando bolas na área. A esperança é que o Flamengo possa exercer a mesma influência daqui para frente. Há muito tempo não tínhamos por aqui time que joga futebol tipicamente brasileiro, ofensivo, criativo, com dribles, triangulações e, principalmente, apetite. O Rubro-Negro carioca é uma máquina de fazer gols e uma das poucas equipes que fazem o torcedor ter vontade de ligar a televisão e ver um jogo de futebol. Torço para que marque época, dite tendência e que possamos voltar a ser aquele País que amedrontava os vizinhos sul-americanos.

REFLEXO ESTADUAL
Caxias campeão do primeiro turno do Campeonato Gaúcho;América-MG, Tombense e Caldense nas três primeiras posições do Mineiro; Boavista fazendo a final da Taça Guanabara, no Rio de Janeiro; Corinthians lanterna do seu grupo no Paulistão. O início da temporada tem dado choque de realidade nos chamados grandes do futebol brasileiro, que ainda acham que estrutura, salário e camisa ganham jogo. Sim, tudo isso é importante, mas se o atleta não tiver vontade, não vale absolutamente nada.

Em São Paulo não há dúvidas de que o regulamento do Estadual é feito para favorecer os grandes. Em grupo de quatro clubes é inimaginável pensar que os donos dos maiores orçamentos fiquem de fora, mas a realidade nos mostra que o Corinthians, principalmente, corre risco de passar esse vexame – desde que foi adotado formato com 16 times, em 2017, isso nunca ocorreu.

Talvez esta seja uma das razões da recorrente ideia dos grandes clubes que querem acabar com os estaduais. Seria forma de evitar esse tipo de constrangimento logo no início do ano.

JOGO DO MILHÃO
Mais uma vez o Santo André entra em campo de olho na vaga na segunda fase da Copa do Brasil e também em premiação milionária. Caso supere o Goiás, amanhã, às 19h15, no Bruno Daniel, em jogo único – empate leva a decisão aos pênaltis –, o Ramalhão embolsa R$ 1,5 milhão, que se somará ao R$ 1,190 milhão que já assegurou ao eliminar o Criciúma, na primeira fase. Já seria metade da cota que recebeu para disputar todo o Campeonato Paulista. Uma fortuna levando em consideração a situação financeira que vive a equipe andreense.

Claro que nem todo esse dinheiro fica no clube. Parte é distribuída aos jogadores como premiação – os valores não são revelados –, mas é um pé de meia que, se bem administrado, pode render muitos frutos no futuro. Volto a cobrar prioridade na finalização do centro de treinamento que está sendo construído no Clube de Campo. O Ramalhão precisa voltar a criar jogadores, que é a forma mais fácil de sobreviver em períodos de vacas magras.

E o Santo André tem tudo para passar. Chega ao ponto de ser apontado como favorito pela imprensa goiana. Tenho conversado com colegas que cobrem o Goiás e eles me disseram que seria surpresa o Esmeraldino voltar com a vaga. A pressão sob o trabalho do técnico Ney Franco é grande, não só porque os resultados não aparecem, mas, principalmente, porque o time oscila. Foi eliminado na Copa Sul-Americana pelo modesto Sol de América, do Paraguai, e ocupa a terceira posição no Estadual. Domingo, ficou no 0 a 0 com o Vila Nova, que luta contra o rebaixamento.

PALPITÃO
Estreia da fase de grupos da Libertadores é a atração. Libertadores: Defensa y Justicia 0 x 0 Santos, Tigre 0 x 2 Palmeiras, Binacional 1 x 1 São Paulo. Copa do Brasil: Santo André 2 x 0 Goiás. Paulistão: Santo André 3 x 0 Oeste, Palmeiras 2 x 0 Ferroviária, Novorizontino 1 x 2 Corinthians, Santos 0 x 0 Mirassol, Água Santa 2 x 1 Inter de Limeira e Botafogo 0 x 2 São Paulo. Série A-2 – rodada 10: Taubaté 1 x 1 São Caetano e São Bernardo FC 1 x 1 Rio Claro. Rodada 11: São Caetano 2 x 0 Atibaia e Sertãozinho 1 x 2 São Bernardo FC. Série A-3 – rodada 9: Grêmio Osasco 1 x 1 EC São Bernardo. Rodada 10: EC São Bernardo 1 x 0 Batatais.  




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