Moradores do bairro Santa Terezinha, em São Bernardo, realizaram, na manhã de ontem, protesto pacífico para cobrar ação da Prefeitura a respeito de entulho de casas que estão sendo demolidas na Avenida Luiz Pequini. Para chamar a atenção, a comunidade bloqueou a via pública com móveis velhos e restos de construção – houve interdição total por cerca de 40 minutos.
Com a chegada da PM (Polícia Militar), houve diálogo com os líderes do movimento e o secretário de Segurança Pública de São Bernardo, coronel Carlos Alberto dos Santos, foi chamado. O gestor intermediou que tratores fossem deslocados para iniciar a limpeza da área. O tráfego de veículos foi liberado por volta das 11h50.
Segundo as lideranças comunitárias, desde o dia 15 de dezembro, quando começaram as remoções e demolições – as famílias foram destinadas para unidades habitacionais em condomínios populares –, os moradores que continuam no local pedem a retirada do entulho. Além da sujeira e dos focos de dengue, as casas que ainda não foram totalmente demolidas têm sido ocupadas por pessoas em situação de rua e usuários de drogas.
O ato contou com apoio do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). “A Prefeitura alega que estamos resistindo à remoção, mas isso não é verdade. Quem está aqui apenas está lutando pelos seus direitos”, afirmou a coordenadora estadual do MTST e moradora do bairro, Joana D’Arc Nunes, 49 anos. “O entulho é tanto que obstruiu duas ruas. Aumentaram os casos de assaltos, furtos. As mulheres passam de madrugada indo para o trabalho e são assediadas”, reclamou.
“Por causa dessa sujeira, entupindo a rede de água pluvial, no fim de semana o bairro ficou alagado e um morador morreu afogado”, completou Joana D’Arc, referindo-se a Gilvan Pereira de Jesus, conhecido como Gugu, 33, que foi arrastado pela enxurrada no sábado passado e teve o corpo encontrado no Piscinão Canarinhos, na Rua dos Vianas, também em São Bernardo, no último domingo. O prazo dado para conclusão dos trabalhos doi 15 dias e a comunidade prometeu outro ato se não for cumprido.
A administração de São Bernardo afirmou, por meio de nota, que as obras não tiveram impacto nos eventos de transbordamento do Córrego Saracantan no último fim de semana e que as famílias que permanecem no local são objeto de ação judicial. A administração alega que o lixo e entulho que estão na área têm sido descartados pelos próprios moradores. “Trata-se de pontos viciados, a despeito das ações de limpeza da Prefeitura.”