Em 1987, a Fiat apresentou o Uno 1.5R, opção equipada com motor 1.5 e design (interno e externo) levemente esportivo. Na sequência vieram as versões 1.6R (1989-1994) e 1.4 Turbo (1994-1996), todas sonhos de consumo de qualquer garotão de 18 anos da época. Agora, 15 anos depois, o Uno volta a ganhar roupagem arrojada com a versão Sporting.

Mas, ao contrário do antepassado turbinado de 116 cv, o Uno Sporting oferece mais visual que desempenho. Sob o capô palpita o honesto, porém pouco vigoroso, motor Fire 1.4 Evo de até 88 cv a 5.750 cv e 12,5 mkgf de torque a 3.500 rpm (etanol). A velocidade máxima é de 172 km/h e são necessários 11,2 segundos para atingir os 100 km/h - 0,4 segundo mais lento que a versão Attractive 1.4 Flex (30 quilos mais leve).

Se o desempenho não empolga, a manobrabilidade do Sporting tem certo tempero. E a responsável por isso é a suspensão, dois centímetros mais baixa que as das demais versões. As molas têm maior rigidez e os amortecedores foram recalibrados. O diâmetro da barra estabilizadora dianteira foi aumentado, assim como a rigidez torcional do eixo traseiro. Para completar, os pneus que calçam as rodas de liga leve de 15 polegadas são de menor perfil (185/60 R15).

Em linhas gerais, o Uno Sporting é um pouco mais firme. Duro. As imperfeições do piso são mais sentidas na cabine, porém a inclinação da carroceria diminuiu nas curvas e frenagens, ampliando a sensação de segurança. É importante destacar, no entanto, que o conforto não foi comprometido.

IMAGEM É TUDO... - Se o desempenho não é Sporting, o visual é - dentro do possível. Os faróis trazem máscara negra e os anéis da grade dianteira são vermelhos. Spoiler no para-choque dianteiro, minissaias laterais e aerofólio preto conferem robustez ao hatch. Ponto positivo para as rodas com desenho exclusivo e a ponteira cromada dupla do escapamento.

Existe a possibilidade de personalizar o modelo - disponível em cores como amarelo Indianápolis e laranja Nemo - com adesivos, por R$ 187. Há aqueles que gostam - fico no grupo dos que dispensam os apliques.

Internamente, o banho de loja também foi razoável (e feliz). Painel de instrumentos tem iluminação vermelha e serigrafia laranja. O volante revestido em couro (série) casa com os bancos de tecido exclusivo e bordado Sporting.

CUSTO-BENEFÍCIO - O Uno Sporting é oferecido com duas e quatro portas - R$ 32.170 e R$ 33.970, respectivamente - e traz de série travas e vidros (dianteiros) elétricos, faróis de neblina e direção hidráulica.

Entre os opcionais, destaque para o Kit HSD (air bag duplo + freios com ABS - R$ 2.488) e rádio Connect CD MP3 com entrada USB, RDS e viva-voz bluetooth (R$ 560). Para ter ar-condicionado, porém, é necessário investir R$ 2.783 no kit Creative 1, que agrega outros mimos, como rádio CD player MP3.

Opção duas portas chega para destronar o rei Gol

Não é e nunca foi segredo para ninguém. Um dos sonhos da Fiat no Brasil - principal mercado da marca no mundo - é destronar o rei Volkswagen Gol do posto de modelo mais vendido do País. Para isso, um dos trunfos da montadora sediada em Betim (MG) é a versão duas portas do Uno, disponível nas concessionárias desde o mês passado por a partir de R$ 26.490.

E a chegada desta nova opção já causa calafrios no pessoal de sotaque alemão. Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o Uno e seu antecessor, Mille, somaram juntos 21.470 unidades emplacadas em fevereiro, contra 20.989 do Gol. Nos 15 primeiros dias deste mês, a diferença do Fiat aumentou. Foram 12.139 vendas, contra somente 10.939 do arquirrival - diferença significativa de 1.200 unidades.

Porém, no acumulado do ano, o Volkswagen continua na frente, com 54.987 emplacamentos, frente a 50.522 do Uno.

MIX - De acordo com a Fiat, a previsão é que o mix de vendas do Uno fique em 70% para a versão de quatro portas e 30% para a de duas portas. A base é o Mille, que hoje vende 60% de quatro portas e 40% de duas portas.

Forte influência da geração Y

Um dos diferenciais do Uno é a gama de cores disponíveis no mercado, que foge do tradicional - e chato - grupo do preto, prata, cinza e branco.

Ao todo, o modelo quadrado de cantos arredondados trouxe quatro novas cores: amarelo Citrus (caneta marca-texto); verde Box; azul Splash (onomatopeia das histórias em quadrinhos); e laranja Nemo (inspirado no personagem do desenho animado de Walt Disney, Procurando Nemo).

Segundo números da própria montadora, o colorido do Uno tem feito sucesso. Do total, 20% dos modelos comercializados são vermelhos, 10% na cor verde Box (exclusiva da versão Way) e 10% amarelo Citrus. Para o laranja Nemo, que debuta na versão Sporting, a previsão é de que represente 10% das vendas.

Isabella Vianna, chefe de design do setor Color and Trim da Fiat, revela que a busca por sair do convencional faz com que novas cores ganhem espaço no mercado. "As compras hoje são mais emocionais e menos racionais. As pessoas não querem ter o carro igual a todos, mas também não gostam de mexer muito nele", revela.

E tal mudança de comportamento, de acordo com a especialista, está na influência da chamada geração ‘Y' ou Millenium - pessoas nascidas na década de 1980. "Trata-se de uma juventude global, com acesso à informação e de personalidade marcante", explica Isabella.

A Fiat gaba-se de, a cada lançamento, ofertar novas cores. Destaque para o laranja Evolution (lançamento do Idea) e azul Maserati, que chegou junto com o Bravo.