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Imediações de bares viram ‘inferno’
Por Gabriel Batista e
Verônica Fraidenraich
Do Diário do Grande ABC
12/02/2006 | 09:54
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Barulho excessivo. Adolescentes gritando palavrões, funk no estilo Tati Quebra-Barraco, trânsito insuportável, carros parados em fila dupla ou estacionados em frente a garagens. Quem mora nas imediações de vias como a avenida Kennedy, em São Bernardo; Goiás, em São Caetano; e rua das Figueiras, em Santo André, conhece muito bem esse cenário. Sofre para chegar de carro em casa. Depois, tem dificuldade para pegar no sono. E, no outro dia, custa a levantar da cama, com a sensação de que não descansou o necessário porque o som da balada invadiu o quarto. Reclamações? 444 registradas nas prefeituras dessas três cidades em 2005. Soluções? Nenhuma. Aliás, a solução tomada por alguns é mudar para longe dos bares – por necessidade fisiológica, mas contra a vontade.

De modo geral, os bares propriamente não são o principal problema. São poucos aqueles que excedem o barulho interior noite adentro. Em geral, o incômodo da vizinhança refere-se à algazarra formada no entorno desses bares.

Para quem se diverte na balada, a bagunça formada na frente dos bares pode até ser atraente. Mas não para muitos vizinhos, os que querem descansar em casa. Não é exagero afirmar que o número de reclamações registrado pelas prefeituras representa uma pequena parcela desses cidadãos que vivem mal em razão do divertimento dos outros.

São pessoas como o autônomo Mário Ferreira, 50 anos, morador das imediações da avenida Kennedy, em São Bernardo. Ele sofre com pessoas bêbadas gritando palavrões na frente de sua casa e acorda várias vezes durante a noite por conta de gente que põe no último o volume do toca-CDs do carro.

São pessoas como o engenheiro industrial Antônio Moura, 50 anos, morador da rua das Figueiras, em Santo André, que cansou de passar noites ouvindo o barulho da janela da sala, que vibra conforme as músicas e ruídos vindos da rua, dos carros e motocicletas. Ou como o aposentado Manoel Honorato Silva, 75, que vive na rua Manoel Coelho, em São Caetano, e costuma viajar ao interior para tirar férias do trânsito e do barulho que se forma na frente de sua casa durante a noite nos finais de semana.

Quem está na balada não se importa com a possibilidade de incomodar alguém – talvez nem perceba que esse outro alguém exista. Na sexta-feira do dia 3 de fevereiro, à 1h, o inspetor de qualidade Felipe Carlos, 19 anos, estacionou sua picape em frente ao bar Enio’s, na rua Padre Manoel da Nóbrega, no bairro Jardim, em Santo André, e ligou o som do carro com as portas abertas. “Não acho que incomoda nem um pouco. O cara que quer sossego deve ir morar em outro lugar, não aqui”, disse Felipe.

A gerente do bar Enio’s, Gislaine Cristina de Paula, desaprova a aglomeração em frente ao bar. “Não é bom para nós. Mas o que podemos fazer se estão na rua?”

Polícia – As prefeituras dizem que controlam a acústica dos bares, mas que, quando o barulho excessivo está na rua, a polícia deve intervir. O major José Quesada Farina, do CPA/M-6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitano-6), quartel responsável pela Polícia Militar no Grande ABC, diz que a PM recebe muitas reclamações de perturbação do sossego e tenta atendê-las. Mas ele afirma que a prioridade da PM é prevenir crimes, como homicídios e roubos. “No caso do barulho excessivo, podemos prevenir pouco. Os policiais vão ao local e pedem para abaixar o som, mas é só virar as costas que a pessoa aumenta o volume novamente.”

O major entende que a questão está relacionada ao zoneamento urbano. “Onde há concentração de bares não deveria haver residências e vice-versa”, diz.




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