Setecidades Titulo Saúde
Paciente sofre para encontrar médico

Após decisão da Prefeitura, moradores de Mauá se sentem
desrespeitados com falta de informação, pediatras e clínicos

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
03/04/2012 | 07:00
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A segunda-feira foi problemática para aqueles que buscaram atendimento de pediatra e de clínico geral em Mauá. A decisão da Prefeitura de encerrar o atendimento das duas especialidades no Hospital Nardini, desde sábado, sem preparar a rede pública para receber a demanda, refletiu na superlotação das três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e do Pronto Atendimento São João. Os pacientes se dizem desrespeitados pelo poder público.

Pela manhã, a equipe do Diário esteve no pronto-socorro do Nardini e constatou que muita gente ainda não sabe da interrupção do atendimento. A van colocada à disposição para transportar pacientes a unidades próximas só atende os que não têm condições clínicas de seguir de ônibus. Uma enfermeira avaliava o estado de saúde dos que buscavam ajuda.

Um funcionário do hospital informava a todos, na recepção, sobre as mudanças. E distribuía panfleto com os endereços das UPAs Vila Magini, Vila Assis e Zaíra, além de o Pronto Atendimento São João. Para quem procurava por clínica médica, a indicação era a UPA Vila Assis, considerada mais próxima. Já os que buscavam pediatra eram aconselhados a seguir até a unidade do Zaíra.

A cabeleireira Renilda Cavalcanti, 37 anos, mora no Jardim Zaíra 6 e foi em busca de pediatra para a filha de 1 ano e 11 meses, que estava com febre. "Disseram que poderia passar pela enfermeira, para avaliar se minha filha poderia ser transportada pela van, mas prefiro ir de ônibus. É mais rápido."

A aposentada Ivonete Nilo da Silva, 64, foi outra que teve de seguir até a UPA Vila Assis de ônibus . "Estou com dor no braço terrível e nem sei direito como chegar lá."

A equipe do Diário percorreu os locais indicados pelos funcionários do Nardini pela manhã.  Com exceção da unidade localizada na Vila Assis, todos os outros locais tinham mais de 30 pessoas na fila de espera, que durava mais de uma hora.

Apenas a UPA Vila Assis e o Pronto Atendimento São João, o mais lotado dos pontos, contavam com um pediatra e um clínico geral cada. No Zaíra havia apenas um pediatra , enquanto na Vila Magini dois clínicos gerais atendiam a demanda.

A Prefeitura justifica a mudança como cumprimento de recomendação do Ministério da Saúde e acredita que a UPA Jardim Maringá, que será entregue em setembro, aliviará a situação. Outro problema reconhecido é a falta de médicos e dificuldade na contratação desses profissionais.

Mãe pede socorro a estranho para levar filho até a UPA Zaíra

O desespero ao chegar na UPA Vila Magini com o filho de 5 meses com febre de quase 41°C e ser informada de que não havia atendimento pediátrico fez a telefonista Meire Andrade de Paula, 33 anos, pedir socorro a um estranho. Sem carro e condições de seguir de transporte público, ela parou motorista no trânsito e solicitou carona até a UPA Zaíra.

Demorou cerca de duas horas para que Meire e o bebê fossem atendidos. "Pelo menos dessa vez tinha médico, porque é raro encontrar pediatra aqui", comenta.

Já a dona de casa Lenice Gomes dos Santos, 32, foi até o mesmo local em busca de clínico geral, mas só conseguiu atendimento para a filha de 8 anos depois de uma hora e dez minutos.

 




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